LIVRO “Liga Camponesa de Sapé: Barra de Antas, ontem e hoje”

 

José Luciano de Queiroz Aires (org.)
Maria Larissa de Brito
Jackson José Leite Ferreira
Eduardo Bruno da Silva
Pedro Basttus Gonçalo Marques
Alane Maria Silva de Lima
Cosmo Galdino dos Santos
Josilene da Silva Oliveira
Weverton Elias Santos Rodrigues
Luciano Mendonça de Lima

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O ontem e o hoje

É um privilégio, para mim, ter me interessado pela história do Brasil desde os anos de 1945, quando eu tinha apenas 12 anos. Era no governo de Vargas, precisamente no Estado Novo, 29/10/1945. Passei a me perguntar por que os generais (seus ministros), que se faziam tão seus amigos, o depuseram? É bem verdade que Getúlio Vargas confiara a Felinto Muller a Chefia de Polícia, com poderes de vida e morte, aliás, um dos mais cruéis torturadores de nossa história. Também é verdade que entregou Olga Benário Prestes, esposa de Carlos Prestes, para ser cremada num campo de concentração nazista.

Mas, seriam esses os motivos da deposição de Getúlio Vargas?

As elites e os militares nunca foram humanistas.

O fato é que Getúlio tinha um outro lado, o qual as elites de ontem e de hoje jamais aceitaram:

– Criou as Leis Trabalhistas,

– Carteira de Trabalho Obrigatória,

– Salário Mínimo,

– 8 Horas de trabalho diário,

– Férias remuneradas,

– Repouso semanal remunerado

– Regulamentação do trabalho da mulher e do menor

– Justiça do Trabalho

– Previdência Social

Getúlio foi então chamado de “Pai dos Trabalhadores”, embora essas medidas constituíssem demandas que a Classe Trabalhadora já viesse lutando para conseguir.

A burguesia jamais iria tolerar um governo que tomasse tais atitudes, então se articulou com os militares e depuseram Getúlio.

E sabe o que aconteceu? O general eleito presidente – Eurico Gaspar Dutra – iniciou violenta perseguição ao Movimento Sindical e governou para as elites e para o imperialismo norte americano.

Mas, Getúlio voltou em 1951, agora eleito democraticamente. Recomeçou a sua política em favor dos trabalhadores, decretando um aumento de CEM POR CENTO do salário mínimo.

E o que sucedeu? As mesmas elites não toleraram, fizeram de Carlos Lacerda (Jair Bolsonaro…?) seu porta voz, articularam-se com os militares (República do Galeão) e Getúlio Vargas, desesperado, saiu da cena política em 24/8/54 com um tiro no coração.

 

II

 

Passaram-se alguns governos: Juscelino, Jânio, João Goulart – o Jango.

Jango era de tendência trabalhista também popular ou populista. Através do seu Ministro do Planejamento, o paraibano Celso Furtado, arquitetou as reformas, chamadas de Base, que traziam grande esperança de bem-estar ao povo brasileiro, especialmente a Reforma Agrária que iria beneficiar de maneira particular o homem do campo. Esta Reforma estabelecia que a desapropriação da terra seria indenizada com títulos da dívida pública, e o mais interessante, pelo seu valor histórico, ou seja, o valor registrado em cartório, ideia essa rechaçada pelo latifúndio.

Além disso, Jango, através de decreto, acedeu a demanda da Classe Trabalhadora, permitindo que formasse uma central dos trabalhadores, chamada CGT – Comando Geral dos Trabalhadores. Era função desse órgão articular os sindicatos, unificar suas reivindicações, e com essa prática a Classe Trabalhadora cresceu em sua organização, e causou profundo medo à burguesia.

Então as elites formaram uma aliança empresarial/civil/midiática/religiosa/militar e agiram no sentido de derrubar o governo democraticamente eleito. Como hoje, fizeram passeatas. Para conquistar as massas religiosas convidaram o Padre irlandês – Patrick Peyton – financiado por inúmeras empresas multinacionais para combater o comunismo. O Pe. Peyton trouxe ao Brasil o “terço em família” e realizou a famosa Marcha da Família com Deus pela Liberdade.

Derrubaram João Goulart.

Sabe o que veio depois?

Os militares no poder, a primeira providência foi desmantelar o CGT, os sindicatos, as organizações trabalhistas, conforme está no insuspeito livro “Brasil Nunca Mais”. Da mesma maneira que no passado o governo Dutra perseguiu a Classe Trabalhadora, em 1964 a ditadura repetiu, agora torturando, matando.

Em primeira mão extinguiram a estabilidade no emprego aos 10 anos de trabalho na mesma empresa, conquista que custou tanto sacrifício aos trabalhadores

Eu fui destituído do Sindicato dos Bancários, demitido do meu emprego no Banco do Nordeste e preso por 22 dias.

As greves eram reprimidas a bala, a Classe Trabalhadora estava impedida de se reorganizar.

 

III

 

Depois de 21 anos de uma cruel ditadura em que mais de 500 pessoas, em sua grande maioria trabalhadores, foram torturadas até a morte, 100 mil foram demitidas, a resistência começou a manifestar-se. Sabe quem estava na frente? Luiz Inácio Lula da Silva, enfrentou patas de cavalo, prisões, cassetetes, mas não desistiu e a Classe Trabalhadora, de novo, se reorganizou.

Passaram-se os governos militares e alguns civis, no último dos quais, o salário mínimo valia 80 dólares – menos de 320,00 reais hoje.

Em 2002, o Povo Brasileiro elegeu um trabalhador do PT – Lula.

Bem, o resto da história é bem atual, todos sabem, porém convém reafirmar porque a perseguição ao governo do PT:

– Com a chegada do PT ao poder, “começou a ser implantado no País um modelo de desenvolvimento, pautado na redistribuição da renda, geração de emprego e crescimento econômico”.

– O PT implementou “políticas públicas que garantiram ao Brasil sair do Mapa da Fome, da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Com o Brasil Sem Miséria e o Bolsa Família, 36 milhões de brasileiros saíram da situação de extrema pobreza”.

– “A política econômica mantida pelo PT garantiu a plena expansão do mercado de trabalho no País. O aumento no salário mínimo e a geração recorde de empregos permitiram a 42 milhões de brasileiros ascenderem a nova classe trabalhadora”.

– “O salário mínimo também foi responsável pela melhoria da vida da população, com alta de 262% nos últimos 12 anos, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese)”.

– “Educação – Na educação, os governos do PT iniciaram uma verdadeira revolução”.

– “Com Lula e Dilma foram criadas 18 universidades públicas e o orçamento do Ministério da Educação passou de 18 bilhões, em 2002, para 115,7 bilhões, em 2014. Em relação ao PIB, passou de 4,5% em 2004 para 6,4% em 2012”.

– “Ao mesmo tempo, mais de um milhão de alunos tiveram acesso a bolsas integrais e parciais de estudos do Programa Universidade para Todos (Prouni) e 2,8 milhões de alunos se matricularam em universidades por meio do Sistema de Seleção Unificado (Sisu), em 2015”.

– “O número de escolas técnicas passou de 11, durante o governo FHC, para 420 unidades com os governos do PT”.

– “E mais de 12 milhões de jovens estão matriculados no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) ”.

– Nesse governo as/os empregadas/os domésticas/os conquistaram os mesmos direitos de outros trabalhadores.

Eis os motivos porque querem depor Dilma e cassar Lula. As elites, e quem pensa como elas, jamais vão permitir que os trabalhadores (ou os explorados) aproximem-se do seu “status”. Doméstica andar de avião, possuir carro, ir a restaurantes, é inadmissível para a burguesia. O lugar dela foi e continua sendo a “senzala”.

Por que essa aversão aos excluídos – os moradores de rua, os desempregados, as mulheres negras, os pobres, os homo-afetivos, as lésbicas?

Será porque não consomem, isto é, não fazem parte do mercado?

E quem tem se posto em defesa desse contingente de explorados, às vezes com o sacrifício da própria vida? São as esquerdas, entre elas o PT. São elas que têm defendido o patrimônio nacional, os direitos dos trabalhadores e o direito de ser gente, a dignidade de ser humano.

Concluindo: Duas forças se chocam, se contradizem na história da humanidade: uma o capital, outra o trabalho, ou, exploradores e explorados, opressores e oprimidos, isso é o que constitui a “luta de classes”. A história da humanidade é a sucessão dessa luta até o dia em que não mais existir uma classe que domina e outra que é dominada.

 

14/03/16

João Fragoso

 

 

TCC de Elson Matias, da Jufra de Santa Rita

O jovem Elson Matias, pertence a JUFRA de Santa Rita (Juventude Franciscana) e é um apaixonado pelo valores do Evangelho: Justiça, Solidariedade, Fraternidade. Ele tem consciência de que esses valores são conquistados na luta do dia a dia e não se consegue só, mas através do grande mutirão social que nos conduzirá ao Novo Mundo. Seguidor de Ricardo Brindeiro, Pe. Josenildo e Pe. Comblin, ele nos brinda com seu Trabalho de Conclusão de Curso, que vale a pena ler

Acessar TCC.

Livro: Por um pedaço de Chão

A Professora da UFPB – Emília Moreira – fez um trabalho exaustivo para nos informar sobre as lutas do campo no Estado da Paraíba. Publicou em dois volumes “Por um pedaço de chão”, toda a peleja do homem do campo na busca de um pedaço de terra que lhe dê, para si e sua família,  condições de uma vida digna. Todos aqueles que se interessarem por conhecer a história da conquista da terra por meio dos camponeses na Paraíba, não podem prescidir dessa excelente obra da Profra. Emília.

Temos o prazer de postar no site do Memorial das Ligas e Lutas Camponesas, permitindo o acesso também àqueles que precisam fundamentar seus trabalhos de conclusão de curso.

Por um Pedaço de Chão – Volume I
Por um Pedaço de Chão – Volume II

Intelectuais e Movimentos Sociais: a atuação de Francisco Julião junto às Ligas Camponesas

Artigo de   Célio Diego BONI e  Elisangela Francisca SILVA

O estudo sobre personagens históricos nos leva a entender alguns processos, inclusive os educativos, dentro e fora das escolas, assim iremos apresentar o advogado, intelectual e ativista, dos direitos dos trabalhadores rurais das ligas camponesas criadas em Pernambuco entre as décadas de 1950 e 1960, Francisco Julião, com foco em situa-lo como um educador social, a partir de suas ações, agindo de maneira didática junto ao campesinato, buscando informar e causar uma formação política, lutando pela diminuição da exploração dos camponeses que sofriam no período de total declínio dos engenhos de açúcar. A discussão realizada traz o movimento social rural, como um instrumento de mudança, partindo de pequenas reivindicações, como o enterro digno de seus mortos, até a tão sonhada reforma agrária, divulgada de forma incisiva na frase “Reforma agrária na lei ou na marra”, ditas várias e várias vezes por Julião, em seus discursos, mesmo no Congresso Nacional. A partir destas discussões, apresentar um de seus escritos mais divulgados, a sua carta-testamento escrita no cárcere, “Até Quarta, Isabela!” onde ele poetiza sua biografia, buscando retirar todo o rancor de seus escritos criando nesta um processo de apresentação do que houve no Brasil, durante o período em que esteve à frente das Ligas, até o momento em que é preso como subversivo durante a Ditadura Militar. Portanto, todo o processo de pesquisa tem o objetivo principal de classificar as ações de Francisco no papel de um Formador e Educador, no espaço em que atuava.

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