Poema: Uma História da Luta de Antas

Poeta João Muniz

Vou narrar em toada e poesia
Uma história de luta e repressão
Mas também resistência e conquista
De uma luta suada neste chão
Uma história demais emocionante
De momentos vividos bem marcantes
Percorridos em sua trajetória
Onde o povo da luta não cansou
Demonstrou pela terra tanto amor
Grande Antas arquivo de memória.

Nesta terra é berço de João Pedro
Grande marte das Ligas Camponesas
Que outrora lutou por liberdade
Pelo homem a mulher e a natureza
Entendeu bem a vida do oprimido
Defender o tonou um perseguido
Da justiça humana injustiçado
Um celebre e honrado cidadão
Camponês lutador com emoção
Tem seu sangue ensopado no roçado.

Em 62 mês de abril
Dia 02 tem uma morte tirana
Sua esposa fiel Elizabeth
Sente a grande tortura desumana
E assume de João a ideologia
Ensinando sua pedagogia
Representa mulher ser de bravura
Vem á face perversa em seu destino
Se esconde num mundo clandestino
Torturada também na ditadura.

E a história de Antas continua
Foi as ligas ficando abafada
A cruel ditadura militar
Vitimou camponeses na emboscada
E o povo vivendo escravidão
Dava ordens um tal Sebastião
Figueiredo Coutinho. Um mercenário
Mão de ferro contra o trabalhador
Num regime covarde explorador
De um poder do latifundiário.

Obrigava os pais mães de famílias
Colocar seus filhos pra trabalhar
Suas vidas sofridas escravizadas
Não podia se quer vir estudar
Feito escravo explorado todo dia
Quase nada era o pouco que comia
Trabalhava na paga do cambão
Um dinheiro se quer ninguém ganhava
Era apenas um vale então ficava
Seu suor todo lá no barracão.

19 de novembro de 97
85 família iniciou
Uma luta em prol da liberdade
A razão pela qual se motivou
E uma guerra tremenda aconteceu
Muito medo constante sucedeu
Violência o período inicial
Repressão assassina e desespero
Interrompe a vida de um companheiro
Culminou com a morte de Sandoval.

Companheiros sofreu perseguição
Ameaças de morte e tiroteio
Com prisões numa luta tão sofrida
Emboscada carreira e devaneio
A polícia a serviço do patrão
Aumentando essa perseguição
Destruindo a lavoura já crescida
Capangas de cavalo e viatura
Interrompe no campo agricultura
Faz do povo a vida entristecida.

03 despejos de forma absurda
E o Pe. Zé Martins sempre presente
O promotor Marinho Mendes disse,
A polícia de Sapé é conivente
Junto ao povo fez sua intervenção
Diminui aquela perseguição
E opressão violenta que se via
Muitos dos companheiros desistiu
Pelo medo das balas de fuzil
E além disso a terra não saia.

CPT e a Igreja do passado
Que lutaram junto aos trabalhadores
Que em vez de um templo uma palhoça
E rezavam com os agricultores
E o profeta de Cristo D. José
Proclamava a vida e o dom da fé
Por um mundo mais justo e mais irmão
A igreja de Deus pobre oprimido
Reconhece a quem foi o esquecido
Com a Teologia da Libertação.

E a terra é desapropriada
Para o INCRA criar o assentamento
Proprietário recorre na justiça
E o povo retorna ao sofrimento
Perseguidos também pela igreja
Mas o povo não cansa a peleja
Outra vez se impunha a lutar
Pra se ter essa terra conquistada
O povo seguindo a jornada
Não podia pensar mais em parar.

Decidia os Ministros do Supremo
O futuro do povo e seu destino
Ministro Dias Tofely pede visto
Pra esperança do povo campesino
Favorável votou a maioria
Esta terra se encheu de alegria
Esta luta de fato é conquistada
Longos anos de dor e sofrimento
Esperando essa hora esse momento
16 anos e 3 meses em caminhada.

João Pedro morreu mas está vivo
Elizabeth seguiu o mesmo trilho
A família que foi dilacerada
E gerou o casal seus 11 filhos
E a luta de Antas nessa trilha
Conquistou esta terra 11 família
Tem das Ligas essa simbologia
Essa terra é pra o povo trabalhar
Produzir para se alimentar
E viver na mais plena alegria.

Foram eles e elas vencedores
João Vitor e Josefa gloria Deus
José Bias e Maria José
Josiano lembra a esposa que morreu
Alan e Cida e o José Soares
Respirando o perfume em novos aires
Nivaldir, Elizangela e Sebastião,
Marivânio e Lisânia que prazer
Manoel Paulo e Maria quer viver
Produzindo e colhendo neste chão.

Josilene outra mulher guerreira
E Maria José estudou no SERTA
Completando essas 11 famílias
Na conquista de novas descobertas
Outros nomes depois irão somar
Nesta luta e na terra vão morar
E sentir o prazer da liberdade
E o peito repleto de alegria
Pois aqui já é mais que utopia
Esse sonho virou realidade.

As famílias querem agradecer
Todo apoio de todos recebido
Comissão Pastora a CPT
Pelas lutas travadas é merecido
Agradece a Marlene, Agnaldo
Irmã Tony, Ednelza e Eduardo
Biu, Roberto, Pe. Hermínio e Pe. João
Grande Tânia, Verônica e Albertina
A Drª Iranice flor menina
Ajudaram na luta deste chão.

D. José, D. Marcelo e D. Tomás,
A CNBB Dom Xavier
Garibaldi, Luiz Couto e Paulo Maldo,
Júlio Cezar, Anastácio e sua fé,
Dias Tofely por sua intervenção
Luizinho na contribuição
E tantos outros aqui que não citei
Quem já foi ou quem é da CPT
A vocês queremos agradecer
A conquista é nossa e de vocês.

Pois herdamos das ligas camponesas
Uma luta fiel grande João Pedro
Somos filhos de sua resistência
Pois vencemos repressão á dor e medo
Temos grandes motivos pra sorrir
Nesta terra nós vamos produzir
E honrar esta família verdadeira
A mulher que deu vida ao movimento
Dará nome ao nosso assentamento
Que será Elizabeth Teixeira.

Viva o povo guerreiro desta terra
Viva as lutas e as ligas camponesas
Viva os mártires tantos João e Elizabeth Gloria a Deus e a divina natureza
Esta luta deve continuar
Venham povo em marcha pra lutar
E cantar novo hino varonil
E quem sabe no novo amanhecer
Em todo canto virá acontecer
Justa reforma agraria no Brasil.

Poeta João Muniz
01/04/2014.

Escola Família Agrícola Dom Fragoso

Este vídeo trata de uma experiência de educação no(do) campo no semi-árido cearense. Essa experiência parte de dois fundamentos: A “Pedagogia da Alternância” e a “Educação contextualizada”. Através desse experimento pode-se concluir que é possível a realização do homem no campo como protagonista do seu próprio sustento e desenvolvimento, utilizando técnicas simples, porém altamente eficazes e ao alcance de todos. Esse modelo de escola já existe em quase todos os estados brasileiros, levando ao entendimento de que o campo não é apenas fornecedor de mão de obra barata para o mercado globalizado, pois, aprendendo a conviver com o semi-árido o homem/mulher desenvolve suas capacidades técnicas, culturais, artísticas… promovendo-se e realizando-se.

Memórias Clandestinas (documentário)

 

Documentário sobre a atuação de Alexina Crespo, e sua família, nas Ligas Camponesas, luta armada e exílio. Em paralelo, revela aspectos relevantes da história recente do Brasil, do golpe militar de 1964.
Direção: Maria Thereza Azevedo
Ano de Lançamento: 2004 (versão 52″) 2008 (versão 70″)
Produção: Camila Tavares, Cristiano Ramalho, Vitória Fonseca, Maria Thereza Azevedo

Após 60 anos, Fazenda Antas é desapropriada

02/03/2014

Decisão do Supremo Tribunal Federal no início de fevereiro, manteve desapropriação da Fazenda Antas, na zona rural de Sobrado. 

A terra que por muitos anos foi alvo de conflito entre trabalhadores e latifundiários, e deu início à história das Ligas Camponesas na Paraíba, com a luta de João Pedro Teixeira, agora virou motivo para comemoração. A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), no início de fevereiro, manteve a desapropriação da Fazenda Antas, na zona rural do município de Sobrado, distante cerca de 60 quilômetros de João Pessoa, e devolveu aos trabalhadores a esperança de ter um pedaço de terra para garantir o sustento da família.

Foram 60 anos de luta, ameaças, despejos, destruição de lavouras e violência. Nesse intervalo de tempo, muitas pessoas morreram; outras nasceram; e algumas perderam a esperança.

As famílias dos acampados souberam da decisão do STF no dia seguinte. Alguns não conseguiram segurar as lágrimas, a exemplo de Marlene Maria do Nascimento, que acompanhou a luta desde a adolescência. “Meu pai já vivia nesse conflito, ele foi escravo por muito tempo”, declarou.

O processo foi retomado na Justiça há 15 anos, mas a luta começou em 1954, quando o movimento organizado por camponeses, que reivindicavam a reforma agrária, foi alvo da repressão da Ditadura Militar. O líder João Pedro Teixeira foi assassinado em 1962, e logo depois sua esposa, Elizabeth Teixeira, que atualmente mora na capital paraibana, assumiu a presidência da Liga de Sapé. Ela continuou a luta do marido, em defesa dos trabalhadores rurais.

O tempo passou e dezenas de famílias continuam acampadas na comunidade de Antas, às margens do rio Gurinhém, em condições precárias de sobrevivência. Os camponeses resistiram à pressão e continuaram lutando pela reforma agrária. Um deles foi João Victor Oliveira, hoje com 53 anos.

Anos mais tarde, as ameaças também se estenderam a Oliveira. “Por muitas vezes tive que fugir de madrugada com as crianças nos braços para não ser morto. As ameaças eram constantes”, afirmou. Segundo ele, foram anos de conflito pesado e muita violência. O trabalhador chegou a ser expulso da fazenda.

“Depois da expulsão, eu e outros trabalhadores decidimos ocupar a fazenda novamente e foi aí que o conflito começou. O proprietário destruía as lavouras e aquilo nos causava revolta”, destacou. O medo era tanto que os camponeses cavavam buracos nas paredes e no chão para servir de esconderijos. “Ninguém tinha o direito de ficar de bobeira conversando, era bala para todo lado”, disse o trabalhador.

O conflito em Antas envolveu gerações. Filho de posseiro, Manoel Paulo Francisco, 54, viu o pai chorar pela situação.

Quando se envolveu diretamente na luta, os filhos ainda eram pequenos. Hoje já é avô. Com a neta de cinco meses nos braços, Francisco disse que tem esperança de dias melhores, com dignidade e respeito. “Eu nunca tive isso, mas sempre lutei para que meus filhos e netos tenham uma vida diferente”, ressaltou.

FAZENDA PASSA A SER DOMÍNIO DA UNIÃO

O superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária na Paraíba (Incra-PB), Cleofas Caju, disse que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) representa um marco na luta dos camponeses no Estado. Segundo ele, há 17 anos os trabalhadores da localidade requereram ao órgão a desapropriação do imóvel (Fazenda Antas) alegando que a propriedade não estava cumprindo o papel social. “A partir daí se travou o conflito, inclusive com o assassinato de um trabalhador, mas a luta continuou”, declarou.

Atendendo aos apelos dos camponeses, o Incra abriu o processo de vistoria para verificar se o imóvel cumpria ou não o papel social. Caju lembrou que em 2006 o governo federal decretou a área como de interesse social para fins de reforma agrária. “Com o decreto o Incra teve a possibilidade de avaliar o imóvel, mas outra decisão acabou suspendendo os efeitos do decreto”, afirmou.

Agora, o Incra vai aguardar a publicação do acórdão no Diário Oficial para então fazer a vistoria de avaliação e aferir o valor do imóvel. Segundo o superintendente, nada impede que o proprietário da fazenda manifeste o desejo de recorrer, “mas acredito que não surtirá efeito algum”. Ele disse ainda que vai pedir apoio da polícia para garantir a segurança dos peritos agrários.

Nesse momento, conforme explicou Caju, o imóvel passa a ser domínio da União, sob a governança do Incra. “Vamos proceder com a seleção e assentamento das famílias”, declarou. O superintendente explicou que a fazenda Antas tem dimensão de 507 hectares. Inicialmente cerca de 60 famílias estavam envolvidas diretamente no processo, mas muitas desistiram da luta e hoje algo em torno de 20 ainda aguardam a divisão da terra.

ACAMPADOS REVELAM PERDAS HUMANAS

Os dias de trabalho na fazenda Antas também deixaram marcas na memória de Joseano Idalino Pereira, hoje com 43 anos. O que ele mais lamenta é o fato da esposa ter morrido (de causa natural) sem ver a divisão da terra. “Ela sofreu junto comigo. Era o maior sonho dela, mas infelizmente isso não foi possível. Ela me deixou com sete filhos”, declarou.

Idalino chorou copiosamente quando soube da decisão do STF. Mesmo sem entender a linguagem jurídica, pelo baixo grau de instrução, ele comemorou o indeferimento do mandado de segurança. “Os homens da Justiça estão do nosso lado, porque é aqui que está a verdade, é aqui que está a luta de muitos anos”, comentou o trabalhador, que também teve medo de morrer nesse conflito.

Conforme relato de Idalino, ele trabalhou em regime de escravidão na fazenda Antas. “Nunca tive o gosto de pegar em dinheiro. A gente recebia um vale para comprar na cidade, e não dava para comprar nada. Era um sofrimento, era escravo mesmo”, frisou. Ele contou que uma vez capangas da fazenda correram atrás dele para dar uma surra. “Deram bobeira e eu corri, só pensava nos meus filhos, que já estavam sem a mãe”, comentou.

Conflito de terra é o mais antigo do país

Na avaliação de Iranice Gonçalves, advogada e integrante da Comissão Estadual da Verdade, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) é um marco histórico, não apenas pela questão da desapropriação em si, mas pela história que vem desde a luta de João Pedro Teixeira.

“O que acontece hoje é uma continuidade do que ocorreu em 1962, com a morte de João Pedro. Naquela época já se reivindicavam os direitos trabalhistas, a pobreza era grande e foi iniciada a luta pela reforma agrária na fazenda de Antas”, explicou.

Ela lembrou que os camponeses passaram dias difíceis, dias de escravidão. “Felizmente os camponeses estão cada vez mais conscientes da importância deles na sociedade civil e política do Estado”, frisou Iranice, que acompanhou o conflito, no final dos anos 1990, como advogada do processo. Segundo ela, a ocupação na fazenda Antas é considerada como o conflito de terra mais antigo do país.

O indeferimento do mandado de segurança, por sete votos a favor e quatro contra, significa a vitória dos camponeses. “O processo continua em Recife, mas deve se seguir a recomendação e manter a desapropriação da área”, ponderou Iranice. No ano de 1997, era forte a pressão para que os posseiros deixassem a terra, o que só aconteceu após uma liminar. “Durante todo esse tempo os trabalhadores resistiram”, declarou.

A fazenda Antas inclui as terras que pertenciam ao sítio Antas do Sono, que tinha como proprietário Manoel Justino, pai de Elizabeth Teixeira. Manoel Justino queria que a filha, a todo custo, abandonasse João Pedro e os filhos, pois não se agradava da luta do genro. Elizabeth nunca atendeu esse pedido do pai. Descontente, Manoel Justino vendeu o sítio e o novo proprietário mandou expulsar a família de Pedro Teixeira, que se recusou a deixar o local e travou uma luta judicial.

A religiosa Marlene Burgers, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), também comemorou a decisão do STF.

“É um importante acontecimento histórico, pois é o berço da luta de João Pedro Teixeira”, declarou. Ela contou que foi a portadora da notícia para Elizabeth Teixeira. “Elizabeth ficou emocionada e muito feliz, pelo que conheço dela, foi a notícia mais importante que já recebeu”, frisou. Segundo Marlene, no próximo dia 2 de abril será realizada uma caminhada refazendo o trajeto de João Pedro no dia em que ele foi assassinado.

AÇÃO DAS LIGAS CAMPONESAS EM SAPÉ

A casa onde morou João Pedro Teixeira com a mulher Elizabeth e os filhos do casal se transformou no Memorial João Pedro Teixeira, local de visitação, próximo à Fazenda Antas, que fica aberto de segunda a sexta-feira. Cândido Nascimento é um dos responsáveis por contar a história das Ligas Camponesas a quem visita o local. “Também faço parte dessa luta que se arrasta há 60 anos e teve início com João Pedro. Conto essa história com muito orgulho”, declarou.

Segundo Cândido, João Pedro Teixeira participou da criação das Ligas Camponesas no engenho Galiléia, na Zona da Mata de Pernambuco. Depois disso voltou à Paraíba e deu início às Ligas Camponesas em Sapé, após o conflito com o sogro, pai de Elizabeth Teixeira que não aceitava a união da filha com o trabalhador. “O pai de Elizabeth tinha ódio de João Pedro, por conta da bandeira de luta que ele defendia. Ele chegou a propor, por diversas vezes, que Elizabeth abandonasse o marido e os filhos, o que ela nunca aceitou”, afirmou.

De acordo com Cândido Nascimento, João Pedro Teixeira foi a João Pessoa para tratar de assuntos referentes a uma ação de despejo.

“Foi nesse mesmo dia que ele foi assassinado, fizeram uma armadilha para ele e o mataram com tiros nas costas. A partir desse dia Elizabeth prometeu dar continuidade à causa pela qual o marido morreu, ele será sempre lembrado como o grande líder das Ligas Camponesas”, frisou. Sua luta incluía a Reforma Agrária e a justiça no campo, pois muitos trabalhadores eram tratados como escravos. “Não havia respeito para com os trabalhadores, a mão de obra era explorada, e isso muito revoltava João Pedro”, destacou.

Em uma das paredes do Memorial, a foto da família de João Pedro e Elizabeth chama a atenção de quem visita o local. A história do líder é tão difundida que até as crianças da localidade já sabem contá-la e reproduzi-la.

“Foi nessa casa que, por muitas vezes, João Pedro deixou Elizabeth e as crianças para lutar pelos direitos dos trabalhadores. A cada vez que ele saía de casa beijava e abraçava cada um dos filhos, porque sabia que aquela poderia ser a última vez que se viam”, contou Cândido.

Fonte: Jornal da Paraíba

STF põe fim ao mais longo conflito de terra para reforma agrária

conquista da terra

SAPÉ (PB) — Decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) do início de fevereiro colocou fim ao mais longo conflito de terra para a reforma agrária no país, que durava 60 anos, e envolvia a Fazenda Antas, de 503 hectares, em Sapé, no interior da Paraíba. A disputa gerou conflitos, ameaças, ações de jagunços, despejos e assassinatos de líderes camponeses, como João Pedro Teixeira, assassinado numa emboscada em abril de 1962, naquela região. Sua história virou o documentário “Cabra marcado para morrer”, de Eduardo Coutinho. Na comunidade Barra de Antas, próxima à propriedade rural, as poucas famílias de camponeses que restaram na área comemoram a decisão e contaram ao GLOBO como planejam a vida no futuro assentamento Elizabeth Teixeira, uma homenagem à viúva do líder camponês, que foi presa pela ditadura militar e viveu na clandestinidade durante 17 anos. Protagonista do documentário de Coutinho, ela vive hoje em João Pessoa (PB) e tem 89 anos.

Até meados dos anos 90, 85 famílias de sem-terra viviam no local e, aos poucos, com a violência e a desesperança de ver a terra desapropriada para a reforma agrária, boa parte saiu dali. O imóvel rural foi reivindicado por 57 famílias e hoje apenas 11 delas continuam em Barra de Antas. Essas famílias chegaram a ocupar a fazenda, mas foram alvos de jagunços na década de 90, e sofreram ação de despejo. Elas contam que fugiram e deixaram a terra à bala. Os relatos são de perseguição e risco de morte.

– Foi muita carreira de capanga. Tive que fugir dentro da mata no meio de urtiga. Sabe o que é urtiga? É o mesmo que levar uma surra. Pisei num buraco de formigueiro, caí. Tinha um capanga com cavalo e armado em cima de mim. Não sei como estou aqui para contar história. Agora, serão outros tempos – disse José Bias Estevão, de 56 anos e 6 filhos.

– Foi muita bala. Tudo por um pedaço de chão. Vi meu nome numa lista para morrer. Mas sobrevivi a isso. Levei muita carreira – contou o sem-terra José Soares dos Santos, de 53 anos, que vive numa casa de taipa e sobrevive com R$ 70 do Bolsa Família.

Único contemporâneo de João Pedro Teixeira que vive hoje na comunidade, Sebastião Francisco, de 65 anos e 22 filhos, também se recorda da perseguição. Adolescente na época, ele lembra da presença do Exército na área e já, naquela época, da dificuldade em obter algum pedaço de terra para plantar:

– Era muita pressão e um chuveiro de bala aqui de fazer medo. Não tinha sossego. Foi muito sofrimento desde aqueles anos. Essa decisão (do STF) foi a notícia mais importante da minha vida. Hoje tem essa Bolsa Família mas bom é viver do suor da gente, na terra onde a gente nasceu.

A sem-terra Josefa Dias faz um relato na mesma linha, de perseguição. Ela conta que perdeu um companheiro nesse enfrentamento e que sofre sequelas da violência. Disse ter problemas de saúde ligados ao sistema nervoso.

-A perseguição foi muito grande. A gente sofreu muito, acampou na fazenda e sofria tocaia o tempo inteira. Fomos expulsos com capanga atirando e a gente correndo com nossos pertences, crianças, mulheres grávidas e os cavalos pisoteando todo mundo. A gente se escondia até no cemitério. Não tinham dó de ninguém, atiravam em todo mundo. As professoras foram embora com medo e as aulas eram suspensas – contou Josefa, na frente da pequena casa de alvenaria em que vive com sua família.

A fazenda Antas, alvo da disputa, foi desapropriada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006. O proprietário da terra, Sebastião Figueiredo Coutinho, conhecido por Bastos Ramos, conseguiu, em 2007, liminar da então presidente do STF, ministra Ellen Gracie, suspendendo os efeitos do decreto de Lula. O Incra recorreu e somente agora foi julgado o recurso. Com a decisão deste mês, o Incra, finalmente, poderá fazer a vistoria e a avaliação da terra e de suas benfeitorias. O fazendeiro ainda poderá contestar o valor. O Incra estima em R$ 2 mil o hectare, que totaliza pouco mais de R$ 1 milhão. Já o proprietário fala em R$ 50 mil o hectare. Por suas contas, o governo terá que desembolsar para ele R$ 25,1 milhões. Uma diferença de R$ 24 milhões.

O superintendente do Incra na Paraíba, Cleofas Caju, comemorou a decisão do STF e disse que, nessas seis décadas, o conflito gerou tristeza e dor para as famílias envolvidas.

– O governo, com essa decisão, faz justiça e reconhece uma luta histórica. Vai sair daí um belo projeto de assentamento, fruto de uma luta que remonta os tempos das Ligas Camponesas, onde se começou a batalha pela implantação da reforma agrária no país – disse Cleofas Caju.

Na comunidade de Barra de Antas está localizada a casa onde o casal João Pedro Teixeira e a mulher Elizabeth moraram com os onze filhos. Hoje, funciona o Memorial das Ligas Camponesas, com pertences do ex-líder camponês. João Pedro fundou as ligas na região e o seu sindicato chegou a ter dez mil filiados. Ele morreu assassinado 2 de abril de 1962 e nunca os mandantes foram presos.

Para dono de fazenda, ocupação por sem-terra foi irregular

SAPÉ (PB) — Dono da Fazenda das Antas, em Sapé, Sebastião Figueiredo Coutinho, de 73 anos, tem uma aversão aos sem-terra e associa a atuação do grupo a práticas ligadas ao governo de Cuba:

– É um movimento terrorista.

Conhecido por Bastos Ramos, o fazendeiro afirma que ainda luta para “salvar” sua terra. Com uma pasta de documentos e mapas de sua propriedade, ele garante que o local é produtivo e acusa a existência de um conluio entre o Incra e os sem-terra da comunidade de Barra de Antas. Coutinho culpou sua derrota no STF a seu próprio advogado de defesa, que não teve um bom desempenho.

– Eu vi com muita tristeza a decisão. Tem muitas informações falsas ali. Minha propriedade cumpre sim sua função social. Funcionários do Incra atuam junto com os sem-terra. Não bastasse, miseravelmente, não fiz uma defesa à altura (no STF) e, por isso, tive uma votação desfavorável – disse Coutinho.

Ele afirma que o tamanho da sua terra é de 419 hectares e não de 503, como informa o Incra.

Sobre os conflitos, a versão do fazendeiro é de que os sem-terra ocuparam sua fazenda ilegalmente, nos anos 90, e que seus jagunços agiam na defesa da propriedade. Os conflitos e ataques entre seus empregados e os sem-terra nunca partiam de seus funcionários, afirma ele.

– Eles que invadiram minha lavoura, destruíam tudo e matavam os animais.

Nas suas terras foram encontradas armas e munições recentemente. Ele responde a uma ação na Justiça por essa acusação, mas diz que o armamento foi deixado lá pelos sem-terra para incriminá-lo.

Coutinho é um fazendeiro médio, já foi mais poderoso na região. Ele está em Sapé há mais de 50 anos e diz ter poucas lembranças de João Pedro Teixeira:

– Graças a Deus nunca vi esse homem.

Também tem restrições à ação de Elizabeth Teixeira.

– Não acredito que essa mulher foi perseguida pelo Exército. Ela foi usada .

Coutinho se vê como principal vítima da história.

– Esse negócio de direitos humanos só serve para proteger bandidos – reclama.

Coutinho diz que irá respeitar a decisão do STF, desde que paguem a ele o que entende ser seu direito e o real valor da terra.

‘Resgatada’ por Coutinho após a ditadura

JOÃO PESSOA e SAPÉ (PB) — Protagonista do documentário “Cabra marcado para morrer”, Elizabeth Teixeira, de 89 anos, viúva do líder camponês João Pedro Teixeira, vive desde os anos 80 no bairro Cruz das Armas, em João Pessoa, numa casa comprada pelo cineasta Eduardo Coutinho. O imóvel foi adquirido com recursos de um dos prêmios obtidos pelo seu filme. Após a morte do marido em 1962, Elizabeth, que virou uma liderança no campo, foi presa e perseguida pela ditadura. Ela ficou oito meses na prisão e depois fugiu para San Rafael (RN). Na clandestinidade, trocou sua identidade e viveu durante 17 anos com o nome de Marta Maria da Costa.

Elizabeth diz ter sido “resgatada” por Coutinho, em 1981, história retratada com detalhes no filme. Na semana passada, em entrevista ao GLOBO, ela falou pela primeira vez da morte do cineasta.

– Tenho muita lembrança do Eduardo Coutinho. Quando terminou a ditadura, ele me resgatou em San Rafael, e, quando cheguei aqui a João Pessoa, não tinha casa para morar. Ele comprou essa casa e me deu. Apoiou nossa luta. Ele foi assassinado. Ave Maria. Meu Deus! Minha filha assistindo à televisão me chamou: “Mãe, olha aí o que está acontecendo com o Eduardo”. Senti muito a morte dele. Hoje moro na casinha que comprou com o filme – disse Elizabeth Teixeira, na sua casa na capital paraibana.

A oposição de seu pai, o fazendeiro Manoel Justino, a seu casamento com João Pedro Teixeira é um episódio que não sai de sua memória até hoje. Ela contou que o pai referia a seu marido como um homem pobre e moreno, “assim se chamava o negro”:

– Meu pai dizia que casar com um homem assim, de jeito nenhum. Fugi de casa. Não me arrependi de ter casado.

Ela disse que, até se casar, não conhecia o “espírito de luta” de João Pedro.

– Não sabia, meu filho, que João Pedro tinha aquele espírito de lutar pela terra. Não sabia, não. Era um analfabeto e se alfabetizou comigo.

Ela falou sobre sua perseguição e prisão:

– Foram oito meses de prisão. Depois, o Exército me liberou. Mas nunca me trataram mal. Me tratavam bem. O major buscava saber se me alimentavam bem. Quando me soltaram, disseram que não era para voltar para casa. Senti que, se os policiais voltassem a me pegar, não iam me deixar com vida. Por isso fugi e mudei meu nome. Assim vivi durante toda a ditadura.

Em San Rafael, ela lecionou e trabalhou como lavadeira e cozinheira. Levou apenas um dos filhos, Carlos, com ela.

A história da família é marcada por tragédias. Dos 11 filhos, a filha mais velha, Marluce, após a morte do pai e a perseguição à mãe, matou-se. A casa onde a família morou, na comunidade de Barra de Antas, virou o Memorial das Ligas Camponesas. Ali estão alguns pertences de João Pedro, como carteira de sindicalizado e o microfone que usava em seus discursos para os camponeses. Há dois anos, o terreno da casa foi desapropriado pelo governo do estado e entregue ao memorial, que funciona ali desde 2006.

Elizabeth está contente com o fato de que seu nome vai batizar o assentamento a ser criado após a vitória no STF:

– Estou muito feliz e honrada com a decisão de batizar o assentamento com meu nome. João Pedro ia gostar disso.

A professora de História Juliana Teixeira, de 34 anos, neta de Elizabeth, leciona nas escolas de Sapé, região onde seus avós moraram e onde foram criadas as Ligas Camponesas na região. Ela trabalha na recuperação e divulgação da memória do trabalho de seus avós. Juliana contou que até hoje enfrenta resistência e que os contemporâneos de João Pedro Teixeira têm receio de falar:

– No início foi difícil. Ainda hoje algumas pessoas têm receio em falar, têm medo. Eu mesma percebo olhares diferentes, pessoas me abordam dizendo que a história “não foi bem assim” – contou Juliana.

A professora foi lecionar uma época numa escola que fica numa propriedade rural da família de Aguinaldo Veloso Borges – apontado como um dos mandantes da morte de João Pedro, e que já faleceu:

– Eu me senti um pouco travada para falar desse assunto lá.

Juliana Teixeira, ano passado, deu longo depoimento para Eduardo Coutinho, que voltou à região para refazer “Cabra marcado para morrer”.

Vídeos

Após 60 anos de conflitos, sem-terra terão posse de terra na Paraíba

Viúva de ex-líder camponês fala de documentarista Eduardo Coutinho

 

 

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Dia das Crianças no Memorial das Ligas Camponesas

dia-das-criancas

O Memorial das Ligas Camponesas promoveu um Dia das Crianças especial para garotada da comunidade Barra de Antas neste último sábado (12). Mais de 130 crianças participaram das atividades que contaram com brincadeiras, jogos, distribuição de presentes e lanches. A ação contou com o apoio do CNA João Pessoa, Pauta Comunicação e sociedade civil, além de integrantes da ONG e da comunidade.

Entrevista com o Presidente do Memorial das Ligas Camponesas, Luiz Damázio de Lima

Luiz Damázio, presidente da Ong Memorial da Ligas Camponesas
Luiz Damázio, presidente da Ong Memorial da Ligas Camponesas

Essa entrevista foi solicitada pela Revista ADITAL – Agência de Informações Tito de Alencar Lima – Fortaleza-CE. Sob alegativa de entrevista muito longa e não dispor de pessoal para transcrever da forma oral para a forma impressa, aquele periódico não a publicou. Contamos então com a colaboração do MCP – Movimento das Comunidades Populares – que possibilitou a divulgação dessa entrevista.

São declarações de um tradicional agricultor, líder camponês, lutador, Presidente de uma das mais importantes instituições referência da luta do homem e da mulher do campo – Memorial das Ligas Camponesas – LUIZ DAMÁZIO DE LIMA, LUIZINHO, tem uma visão clara da situação fundiária do Brasil e do lugar que o homem do campo desempenha nela.

ENTREVISTA

Estamos no dia 22 de março de 2013, sexta-feira, em companhia do presidente do Memorial das Ligas Camponesas, Sapé, Paraíba, LUIZ DAMÁZIO DE LIMA, conhecido no seu ambiente e em todos os meios, como LUIZINHO.

 

Alder Júlio/João Fragoso – Luizinho, como surgiu a ideia de criar um Memorial que preserve e torne público a luta camponesa?

Luizinho – O Memorial surgiu a partir dos anos 2006, porque depois da morte de João Pedro veio o regime da ditadura militar e aí se calou, ninguém mais falou, mas ficou o histórico da luta, o espírito, ficou queimando por baixo, como disse o próprio João Pedro, como fogo de monturo e ai renasceu aqui no o Estado da Paraíba, a partir dos anos 70-75, aqui em Mucatu, a luta de uma outra forma, mas com o mesmo objetivo organizativo dos trabalhadores em conquistar a terra. E aí surgiu, foram criados aí, em 75 nos anos 80, grandes acampamentos e assentamentos no estado da Paraíba, com uma resistência muito forte por parte dos agricultores e também um processo organizativo bem organizado, que fizeram com eles, após a ditadura militar, conseguir enfrentar, trazer a tona, trazer na pauta do estado e do país a pauta da reforma agrária, colocar a Reforma Agrária em pauta. Isso sabemos que é o espírito de João Pedro que no momento certo ele surgiu e surgiu com grande força.  E chegando, já mais pra cá nos anos 90, 96, que eu também já comecei a me desenvolver nesse processo, aqui no município de Sapé, aí surgiu uma ideia da CPT, da irmã Antônia com a irmã Marlene, de resgatar a história de João Pedro Teixeira, nada melhor que atualizar a sua história uma vez já está coberta, ninguém falava na história de João Pedro Teixeira, veio à tona inclusive o conhecimento da história dele na região, no estado, a nível nacional e também internacional. Aí houve um grande interesse da irmã Antônia de buscar as histórias, procurar aquelas pessoas que participaram das lutas, com certeza tinha muita vontade de falar, de expor como foram as lutas, ela chegou a conhecer e convidar várias pessoas e essas pessoas fizeram as entrevistas e ela fez mais de um livro e conquistou. Chegou o momento também de criar o Memorial das Ligas Camponesas pra resgatar a história, tanto no estado da Paraíba, quanto nacional e até internacionalmente que temos alguns acervos das Ligas Camponesas. A ideia é trazer tudo isso que tem para o Memorial, lá em Barra de Antas. Depois disso, foi a primeira fase depois das entrevistas com esse pessoal, foi formado um livro, depois se formou o Memorial com uma diretoria em 2006, que fiz parte no início, como fiscal. O primeiro presidente da diretoria foi o companheiro Eduardo de Barra de Antas. Essa diretoria tem um mandato por três anos.  Os primeiros três anos foi uma dificuldade muito grande, não houve permanentemente as reuniões, ficou um pouco na verdade solto. A irmã Antônia teve que viajar para a Holanda, o país dela, aí ficou a irmã Marlene, junto com a CPT, junto com a gente. Mas por ter muita coisa envolvido com a luta que iniciou-se, depois da ida de João, a gente também deixou parado um pouco. Eu acredito que 2006 a gente passou mais de três anos parado, não teve tanta visibilidade, tanto trabalho. Então, no final de 2009, numa reunião foi proposto pra que a gente reativasse a coordenação e desse continuidade à luta, pois a gente não podia deixar morrer essa história. Um dos objetivos a partir dessa retomada era buscar a desapropriação da casa onde morou João Pedro Teixeira e Elisabete. Nós conseguimos isso, eu fui convidado a ser presidente do Memorial, nesse reinício, eu sei que em 10 de janeiro de 2010, nós fizemos a assembleia lá, na Câmara Municipal de Sapé, e foi eleita uma nova diretoria da qual eu era presidente, fui presidente na época, e a partir dali a gente já deixou a primeira reunião marcada pra dá continuidade aos trabalhos, que foi no dia 30 de janeiro de 2010. E assim nós continuamos. Todos os meses a gente está tendo reunião e o trabalho ele começou a se expandir, a se organizar junto com outras pessoas, com outras parcerias, com outras entidades. E nós conseguimos o Cinquentenário que todo ano se fazia as comemorações, na morte de João Pedro, no dia 02 de Abril e tivemos a grande honra e o prazer de celebrar o cinquentenário o ano passado, já com a desapropriação da casa com os 7 hectares. Isso foi um ganho e aí a gente veio conseguir esse espaço e a gente está lutando agora pra implementar um novo projeto naquele local, que não está sendo fácil. A gente já tem várias propostas, estamos botando lá uma unidade demonstrativa.  A proposta também que seja uma EFA, a Escola Família Agrícola. Está se discutindo isso e o Memorial é das Ligas e das Lutas de hoje, ou seja, depois das Ligas. E a gente tem tido assim um grande  privilégio por ter trazido esta história, tentado resgatar e trazer essa história pra quem não conheceu, como eu por exemplo, eu nasci e me criei na terra onde morou João Pedro Teixeira, eu não nasci praticamente, mas nasci há 10 km, praticamente na terra e cheguei pra lá há 5 anos e tive a minha infância todinha naquela terra. Saí depois pra ocupar a terra em um acampamento e depois voltei pra ser presidente do Memorial. É uma história e tanto que eu nunca pensava na minha vida de ter ocorrido ali. Eu vim saber anos depois e inclusive depois que acampei. Conquistei também a terra e depois foi que vim saber que tinha morado ali João Pedro Teixeira e passei a ser o presidente e dá continuidade a esse trabalho. Isso foi e está sendo uma honra dá continuidade a ela, essa luta.

 

Alder Júlio/João Fragoso – Essa entrevista com o presidente do Memorial das Ligas Camponesas, Luizinho, é uma solicitação da revista ADITAL – Agência de Informações Tito de Alencar Lima. Luizinho, tendo uma referência como líder João Pedro Teixeira, qual o valor de um espaço como o Memorial das Ligas Camponesas?

O valor é imenso, a gente não sabe dimensionar. Porque uma luta. Qual era o instinto de João Pedro? Qual era o desejo de João Pedro? Era realmente fazer com que os agricultores conquistassem as terras pra que viesse ter sua produção, ter sua liberdade, ter sua autonomia.  E isso infelizmente João Pedro não teve condições de ver, viu, mas com certeza ele está vendo em espírito e nos dando a força, a gente ter trazido isso à tona. Antes do resgate das lutas do Memorial, renasceu inclusive como eu já falei, lá nos anos 70-75. Aí o exemplo, pra dá uma contextualização pra sociedade no que isso também é as Ligas, só de uma forma mostrada e vista totalmente diferente, mas isso são as Ligas Camponesas. Aí nós trouxemos a tona essa história, resgatamos, o Memorial está aí, é um valor imenso. O que tem de alunos, que tem de pessoas que querem conhecer e a comunidade vizinha, por exemplo, está tendo o privilégio de conhecer, porque fica no berço da família dela, da Elizabete Teixeira, é a Elizabete que tem uma luta histórica, depois da morte de João, ela deu continuidade aos trabalhos e aí nós já batizamos como uma mulher marcada pra viver. O João foi um cara marcado pra morrer e a esposa, a mulher marcada pra viver, porque deu continuidade a sua história. Ainda hoje está aí celebrando a vida, a memória. Segundo ela, a Reforma Agrária ainda não foi feita no Brasil, ainda tem algo que se possa fazer, e um deles é a construção, ou o nascimento desse Memorial que lá a gente vamos tentar aprofundar o estudo pra os assentados da reforma agrária que já existe, no vizinho, ou no estado da PB e trazer o que nasceu depois, as lutas. Foram lutas bastante brilhantes e bonitas, que precisa preservar essa história e dentro disso buscar um método de formar a criançada, os jovens que estão chegando agora pra permanecer na agricultura familiar, ou seja, no campo aí num contexto agroecológico que tem vida, pra que essa vida ela possa está sendo reinando. É difícil mencionar o valor desse Memorial que está sendo construído lá em Barra de Andes.

 

Alder Júlio/João Fragoso – Presidente, o Memorial das Ligas Camponesas muda uma parte da história agrária no Brasil, marcada por violência, morte, mas também pela resistência e luta. Passados tantos anos e a violência no campo ainda é uma realidade. Como vê essa questão?

Luizinho – Acho que o conflito agrário no país começou com João Pedro Teixeira e aí a força do capital muito mais forte naquela época, a ditadura militar, não se deu ao luxo de que o João Pedro visse ser construído aquilo que era o seu sonho. Mas a realidade ela não morreu. O sangue de João Pedro derramado, é como se fosse uma semente que germinou anos depois e aí começou a brotar frutos e frutos que têm grande objetivos pro estado da Paraíba e pro Brasil hoje. A gente sabe que a Reforma Agrária no país desde João Pedro, já começa com violência, que, por exemplo, foi ele assassinado brutalmente, e ela ao renascer nos anos 70-76 começa com o mesmo perfil. Porque isso está ligado ao capital, a grande elite nunca vai deixar de ser violenta, ela sempre vai lutar pelos seus interesses. Agora, é claro, que a resistência dos agricultores ela é muito mais, é imbatível podemos dizer. Nós tivemos todo esse processo organizativo, foi muito sangue, muito suor derramado, mas hoje, a partir dos anos 70-75 pra cá nós temos em torno de quase 300 áreas de assentamentos no estado da Paraíba. Então isso leva a quase 20 mil famílias assentadas. Então tem muita coisa e a resistência desses agricultores pra conquistar essas terras e agora a resistência pra continuar na terra.  Porque o capital continua ainda com a violência no campo, a gente sabe que ela ameniza, depende muito dos conflitos, porque quando há mais conflito há mais violência, como há uma amenização a partir desses 10 anos, a partir do governo Lula pra cá, houve  um número de redução de acampamento, quando há um número de recuo das ocupações, há também  um número dos assassinatos, da criminalidade, da violência no campo, mas não deixa de não ter; está sempre ocorrendo, está sempre ocorrendo morte, está sempre ocorrendo agressão junto os agricultores. E esse sistema que é perverso, o sistema capitalista, a gente precisa está sempre atuando. A gente tem que está a cada dia mais organizado, atento. Porque quando ele não atua de uma forma, atua de outro. Agora ele não está atuando na base da pressão, na base da violência. Mas ele está atuando na base de um projeto estrutural que se diz ser desenvolvimento no país que vem de determinados pontos e ações destruir o que já está sendo feito, o que já foi feito, inclusive pelo governo federal. Que são muitas áreas de assentamento e agora vem o poder do capital com sua grande estrutura construir fábricas de mineração de cimento, por exemplo; grandes canais que a gente sabe muitas vezes que não resolve o problema e que só vai beneficiar mais uma vez a elite. Os agricultores precisam está mais organizados uma vez que se organizou pra conquistar a terra, precisa está organizado pra dá continuidade à luta pela terra. Porque o sistema do capital ele é forte, ele é perverso e ele nunca vai se render contra nós pequenos, podemos dizer assim. Mas é preciso que a gente resista. Porque o que se tem de Reforma Agrária hoje foi porque houve uma resistência dos agricultores que acamparam, que ocuparam, que resistiram á violência, que enfrentaram a capangagem e hoje está de uma forma diferenciada. Nós precisamos está atento a essas questões pra dá continuidade a isso. Pra isso a gente precisa de formação. O nosso povo na época não teve uma formação.  E nós não vamos dá continuidade ao desenvolvimento, como se diz tanto no país, se a gente não tiver educação, por exemplo, formação. Isso é um dos pontos e aí está o que há de formação tem que haver um incentivo pra aqueles agricultores lá ir se adaptando, sempre conseguindo. Os agricultores que já estão numa idade avançada é mais difícil, mas a classe jovem, ela tem que começar a se adaptar. Por isso a ideia do Memorial é buscar um quadro de formação lá dentro e a Escola Família Agrícola é dos ideais para que a gente venha está formando aí os filhos dos agricultores nessa metodologia da agroecologia pra gente ter um sonho com a qualidade no campo bem melhor do que hoje.

 

Alder Júlio/João Fragoso – Luizinho, as Ligas Camponesas nasceram tendo como base principal a dignidade do homem e da mulher no campo e a Reforma Agrária. O que mudou nesse cenário nos últimos anos? Qual a sua opinião sobre a Reforma Agrária no Brasil?

Luizinho – Eu acho que na Reforma Agrária, o principal é a dignidade do homem e da mulher, claro isso foi à ideia de João Pedro no primeiro momento, depois pensar na memória dele, na família e na sua classe, e na resistência, o reconhecer dessa dignidade de buscar aquilo que já é valor, que já é de direito, mas que foram negados o tempo todo, e aí o João Pedro ele reconhece isso no início dessa organização. Porque dignidade tem que ser pra todo mundo. Uma vez sendo negado é precisa lutar pra conquistar aquilo que já é lei. Aquilo que já é uma conquista; infelizmente no Brasil é assim. Isso avançou a partir desse conhecimento dos agricultores e a resistência a isso pra que pudessem dar continuidade as suas lutas e as suas vidas. Elas foram tiradas. Os agricultores não tinham direito de determinadas ações, por exemplo, de ter uma terra que pudesse plantar batata, que pudesse plantar macaxeira, que pudesse criar galinha, que pudesse criar o porco. Era limitado, era submisso aos proprietários e o que ele tinha de direito lá era o quintal que na verdade era arrodeado da cana de açúcar e de outras monoculturas. Então, isso é importante que a gente tome essa consciência e que busque principalmente de está se organizando pra quê o que já foi conquistado até hoje não passe a voltar a ser o que era antes, por exemplo. As áreas de assentamento foram conquistadas as terras de hoje, precisa se manter o processo organizado com o contexto da formação pra que essas famílias venham realmente plantar e produzir e se manter no campo, pra garantir aí a alimentação do povo brasileiro. Porque quem garante hoje a alimentação do povo brasileiro, é a agricultura familiar, é o pequeno produtor, que é 70% do que se consome está vindo dessa produção, desse povo. É importante que a gente continue. O incentivo do governo que tem se dado, que tem se buscado também por uma batalha de luta, isso pode também no mundo alternado se a gente não agir com a produção, com a organização, a gente pode voltar a ser banido, a ser queimado pela própria sociedade, pelo próprio governo. Então, nós precisamos está organizado, precisamos buscar formação pra aqueles agricultores que ainda não tem pra que ele venha dá a continuidade na luta e na sua propriedade a produzir pra alimentar a nossa nação. Então isso é um compromisso que cada um tem que ter pra que a gente vá vencendo esses obstáculos e está se organizando com a força do capital que está vindo aí muito forte.

 

Alder Júlio/João Fragoso – Luizinho: Há muitos assentamentos em redor de Barra de Antas, também há algum acampamento ainda,  que lutas têm sido travadas no sentido de transformar o que é acampamento em assentamento?

Luizinho – A luta que há no município de Sapé, vizinho a Barra de Antas, a fazenda Antas, sou nascido e criado lá, meus pais, meus avós, tudo nasceram e se criaram lá e morreram também lá, é que já faz 15 nos, eu tenho uma filha com 15 anos que nasceu no dia do acampamento da fazenda Antas e até hoje já foi desapropriada, está sob júdice, na justiça os ministros que pegam os projetos pra rever aí é anos e mais anos e até hoje não foi dado um parecer final. Que interesse faz você ter um Memorial em Barra de Antas, ali vizinho, e aquela área não ser desapropriada? E aquela área não vir pras mãos dos agricultores? É um dos sonhos do Memorial fazer com quê aquela terra ela volte pras mãos dos agricultores, até porque foi ali o berço das Ligas, foi ali onde nasceu e morou e viveu, parte da sua vida, João Pedro e Elizabete. Um dos pontos ideais é isso. A CPT está fazendo os trabalhos junto ao ministro. O governo do estado, vai fazer um ano agora, no dia 2 de Abril, no Cinquentenário, foi entregue toda a documentação pro governo do estado da Paraíba. Segundo ele ia ver como articular alguma coisa lá junto com o ministro. Parece que até hoje nada foi feito. A gente está tentando marcar uma audiência lá em Brasília pra conversar com os ministros e tem ideia também de levar alguém da Paraíba, seja alguém do governo da Paraíba, o próprio governo, pra tentar ajudar nesse encaminhamento pra ver se a gente consegue. Um outro ponto, que também não há interesse de ter um Memorial lá em Barra de Antas, se não der uma atenção especial à comunidade de Barra de Antas. Nós também estamos trabalhando a comunidade Barra de Antas com visitas, trazendo o pessoal já pra reunião, pra gente ir implementando essas questões e também estamos vendo um pouco da realidade social daquela comunidade. O ano passado deu uma grande enchente, foram várias famílias sem casas. Nós estamos buscando junto ao governo do estado, via Memorial e Associação a possibilidade de construção de 60 casas. Estamos tentando desapropriar uma área vizinha a área do Memorial, pra vê se há uma solução pra construção dessas casas. Não é tão fácil, porque todo mundo que está na coordenação do Memorial têm seus afazeres. Mas ai nós temos uma reunião a cada mês, duas no máximo, estamos tentando encaminhar passo a passo. E também vendo a possibilidade de buscar o resgate da cultura daquela comunidade, a história da panela de barro, artesanato, a questão da culinária, pra também formar e ajudar. Até porque está vindo muita visita pra o Memorial e esse pessoal pode está auxiliando na alimentação, está vendendo, comercializando os seus produtos.  A gente está tentando buscar o que for de melhor pra aquela comunidade. É uma das comunidades mais carentes do município de Sapé.  Estamos agora marcando um diálogo com o gestor daquele município pra que a gente implemente também as condições de vida junto ao município. Tem também a história da ponte que a gente cobrou isso desde o início da discussão desse Memorial junto ao governo do estado e estamos tentando fortalecer isso. Eles têm dito que não há condição de fazer, mas a gente está indo buscar o diálogo e as condições com outras entidades pra ver a possibilidade de melhorar a comunidade em si, buscar a decisão final da área lá e tentar estruturar a casa e o espaço que está lá…………….. pra vir trazer aí esse êxito de formação pros agricultores e agricultoras.

 

Alder Júlio/João Fragoso: Luizinho, a própria fundação do Memorial enfrentou vários tramites burocráticos de reconhecimento da luta. Que dificuldades enfrentaram para chegar até aqui?

Luizinho: Primeiro a gente sabe que todas essas terras estão nas mãos do latifúndio. E desapropriar uma área daquela tem algumas facilidades. Primeiro, foi uma área que está lá a casa de João Pedro Teixeira, que há inclusive interesse de qualquer que seja o governo, há um interesse de que o governo tem interesse de desapropriar uma área daquela porque é um quadro histórico, é de uma luta tremenda que tem peso no estado e no Brasil, as Ligas Camponesas e aí tivemos também a sorte de ter um companheiro como o Ricardo Coutinho no governo do estado na época que teve aí por cima todo o seu interesse de fazer o processo de desapropriação da área. Mas enfrentamos algumas dificuldades com dois proprietários, um entrou com ação na justiça e conseguiu do outros, mas esse tramite está na justiça, mas a gente conseguiu ver algumas debilidades junto inclusive pelo próprio governo, fazer o tramite de negociação e conseguimos fazer a desapropriação, inclusive a posse, já foi dada. Aí tem a doutora Iranice, que é assessora jurídica do Memorial que trata também dessa parte e nos ajuda. Mas não deixa de não ser uma dificuldade até pelo temor do capital, do latifúndio. Inclusive um dos proprietários que está junto hoje é envolvido inclusive com a luta de Antas. Morreu um trabalhador, o companheiro Sandoval, lá no acampamento de Antas e o assassino era trabalhador desse proprietário, tem todas essas questões que teme a gente. Mas, a gente graças a Deus conseguimos isso. O governo tentou fazer a viabilidade junto ao setor jurídico do governo, ao proprietário e conseguiu aí fazer essa desapropriação com essa emissão de posse. Eles estão brigando ainda, mas segundo a advogada é por questão de valor da propriedade, mas acredito que o quadro vai continuar e a gente vai manter isso. Mas não deixa de ser uma dificuldade. Inclusive está buscando a estrutura que realmente precisa para instalar o Memorial da forma que a gente está pensando, que a gente está discutindo. A EPA, por exemplo, é uma estrutura imensa. A gente está discutindo com o governo seja estadual, municipal ou federal, pra conseguir essa estrutura, ou através de projeto. São coisas que não vai deixar em um momento ou outro ter aí seus empecilhos, seus tramites pra atrasar o processo. Uma vez que nós temos um   processo burocrático no Brasil muito grande, se sabe, mas aí a gente vai tentando aos poucos conseguir isso.

 

Alder Júlio/João Fragoso: Como as pessoas de fora, dos outros estados e até do exterior, podem ter um acompanhamento desses passos que o Memorial vem dando?

Luizinho: Uma vez fundado o Memorial, é claro que tem que toda a sua estrutura e uma delas é a questão da comunicação, é preciso está ligado. Tem que ter site e todos os tramites de comunicação hoje nas redes sociais é preciso. E a gente tem inclusive enfrentado problemas com isso, por falta de algumas pessoas preparadas, podemos dizer assim, não só preparadas, mas também que tenham tempo suficiente pra está dando atenção a essas questões. E aí vai em cima e vai em baixo, já tentamos. O companheiro João Fragoso deu uma ajudada nisso, o companheiro também o professor Alder Júlio tem tentado ajudar nisso, e a gente tem tentando sair disso. O site já está criado e aí o pessoal já tem acesso e o próprio João Fragoso pode estar contando isso, porque ele faz parte desse tramite aí. Essa é a ideia. De lançar isso, tudo que sair, tira uma comissão de pessoas pra está analisando, tem a historio do blog pra está alimentando ai esse site e as pessoas estão tendo aí as informações. E outra coisa é está marcando visita. Já tem um grupo de pessoas que voltaram que estão formando os jovens da comunidade de Barra de Antas pra essa implementação do trabalho, que é fundamental, trazer essas pessoas pra cá pra forma-los, capacitá-los e elas dá continuidade. Já vieram os computadores e o pessoal está sendo formado. E segundo o pessoal já está bem adiantado. Amanhã ou depois eles é que vão está dando continuidade a isso, pra não está ligando pra o Luizinho, que é o presidente que está lá não sei aonde, 20, 30 km. Tem um menino lá que faz um trabalho excelente, mas que essas pessoas comuniquem diretamente com a casa, com o Memorial e façam o tramite, as suas negociações de visita. Do que precisar de alimentação, de dormida, de como vai passar lá. A ideia é que daqui a alguns meses, até o final do ano a gente vai está concluindo isso, e isso venha está sendo feito na própria casa, no próprio Memorial, pras pessoas está indo lá visitar sem nenhum problema.

Obs: O site do Memorial é: www.ligascamponesas.org.br/

E-mail: memorial.ligascamponesas@gmail.com

 

Alder Júlio/João Fragoso: Luizinho, tanto a Comissão Pastoral da Terra, quanto o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra – MST, entre outras organizações, seguem em frente para cobrar justiça no campo. Que importância têm essas forças?

Luizinho: A importância é fundamental. Eu acho que esses movimentos foram eles que deram oportunidade às Ligas Camponesas. O nome de Liga saiu e entrou a Comissão Pastoral da Terra, uma pequena comissão que tem uma adesão a nível estadual, a nível nacional de está buscando isso de uma forma totalmente diferente, uma metodologia diferente, principalmente a CPT que trabalha em termos de evangelização com a palavra de Deus alimentando, isso é fundamental. Nós temos o MST, tem um pouco mais de radicalização, podemos dizer assim, e ainda mais tem feito seu papel no estado da Paraíba e também neste país a fora. As Ligas Camponesas ela transformou-se nesses movimentos sociais e deu continuidade as suas lutas. É preciso sim está se negociando, está se buscando, fazendo com que essa justiça venha a ser feita, principalmente aos assassinatos que já houve, às famílias. Tem muitos casos que estão impunes, que o poder do capital cobre e é muito difícil à gente descobrir essa coisa, a gente sabe disso. Mas eu acho que nesse momento, os movimentos sociais nesse país, na minha visão, na minha concepção, estão em crise, está em baixa, porque tudo tem as suas altas e as suas baixas. Nesse momento está em baixa. A gente saiu do governo Lula de oito anos e não foi cem por cento, mas esse governo levou muitas pessoas, muitas lideranças dos movimentos sociais e pensando muita vezes que essas pessoas iam tentar resolver o problema, não resolveu. Porque a máquina do poder administrativo desse país ela é muito forte e não é qualquer um que vai desmanchar. O capital fala muito mais alto, e aí a gente acabou perdendo as grandes lideranças que tínhamos. Uma liderança sabemos que não se forma de um dia pra noite, nem de um ano pra outro e nós temos agora, na minha visão, perdas nesse momento de organização no campo junto aos movimentos sociais. Um de outros fatores que foi a história com a mudança desse governo, surgiu ou deu a entender ao mundo que o país mudou a sua qualidade de vida, a questão social melhorou. E aí o mundo, outros países que tinham um vínculo com a questão do Brasil, deixou de mandar os projetos, os recursos e muitas vezes os movimentos sociais trabalharam e tinham muita força sobre isso, com recursos pra fazer o seu processo estratégico de trabalho, manutenções essa coisa. Isso enfraqueceu também. E tem outros questionamentos. Os agricultores com a mudança na qualidade de vida do país, a estrutura da política, a mudança da política implantada a partir do governo Lula, isso foi mudando. Até porque se tinha uma grande expectativa no governo Lula de que a partir do momento da chegada do governo Lula no país, a Reforma Agrária ia ser feita, ia haver um contexto de mudança geral. Nós não tivemos um contexto de mudança geral, as mudanças foram se ocorrendo passo a passo, lentamente, mas agradando também os dois setores. O governo não fez um processo de ruptura. O governo trabalha com os dois setores, trabalha com o agro negócio, atende o grande e atende o pequeno. É claro que cresceu. No início do governo Lula nós tínhamos um recurso pra agricultura familiar de 2,4 milhões de reais. Hoje nós temos em torno de 18 bilhões de reais. Dez anos depois do governo Lula com a companheira Dilma, mas surgiu muita coisa nova. Isso muitos agricultores, favoreceu, melhorou a classe pobre, a classe miserável.  Segundo as informações da presidente nós temos aí menos de 3 a 5 milhões de miseráveis ainda, que de repentemente pode deixar de ser miserável, porque tem uma série de programas. Mas isso não é o suficiente pra que a gente possa parar. É agora que começa o trabalho contra a miséria para que essas pessoas venham a ter qualidade de vida e sai ai do seu lugar de miserável lá em baixo e passe a ter no mínimo suas alimentações, seu direito de vida digna, como cobrava João Pedro Teixeira, pra o homem e pra mulher, tanto do campo como da cidade. Isso a gente sente em determinado momento, na hora de ir buscar as forças, que as forças elas estão fracas. Há 8, 10 anos trás, por exemplo, a gente chegava numa área de assentamento com um ônibus e não cabia as pessoas. Ia gente pendurado pras mobilizações, pras ações, etc. Hoje você chega e não consegue isso. Porque tem uma série de fatores. E um desses fatores porque as pessoas também se acomodam. Há um processo de vida que a gente sabe que num país como esse só há evolução, só há organização de mudança a partir da necessidade e uma das necessidades é a fome, o desemprego, a falta de salário, de melhoria, qualidade de vida e isso nós não tem cem por cento. Mas a partir desses dez anos o governo mudou muito. Nós sempre temos essa consciência. Mudou isso e aí se a gente tivesse com todas as lideranças do movimento aí implementando, atuando no seu campo, talvez a gente tivesse com mais ganho nesse poder político, com mais ganho nesse governo. Como perdemos essas grandes lideranças que elas foram pra ajudar na administração dos governos, isso tanto a federal como nos estados, não houve a possibilidade de mudança através deles, nas secretarias, onde é que seja no estado, e também perdemos a força no campo, no contexto de organização. Então, nós não vamos formar uma liderança qualquer. O que aconteceu também nesse processo é a mudança e a consciência de luta dos agricultores de está buscando ou deixando de plantar um sistema convencional a sua produção. Hoje há um contexto. Nós tivemos agora, terça-feira, dia 19, o dia estadual contra os agrotóxicos no estado da Paraíba.  Segundo os dados nós tivemos um acréscimo de 30% dos orgânicos no estado. Eu acho que há 10 anos a gente tinha talvez 5% de produtores orgânicos no estado da Paraíba e hoje a gente tem um número aí acima de 30. Isso tem viabilizado o contexto da visão da sociedade da Reforma Agrária no estado da PB. Em 2001, por exemplo, nós tínhamos no máximo 3, 4 feiras agro ecológica e num sistema organizativo dos agricultores que eles produziam e comercializavam. Hoje nós temos acima de 40. Então cresceu muito nesses últimos 12 anos, cresceu muito esse processo organizativo dos agricultores, está produzindo num contexto agro ecológico, produzindo e comercializando os seus produtos na feiras e qualquer forma que ele possa imaginar. Isso dá mais autonomia, isso dá mais credibilidade, liberdade para o setor dos agricultores e chama também à responsabilidade de está produzindo pra alimentar a nação.

 

Alder Júlio/João Fragoso: Bem, pra encerrar essa entrevista Luizinho, a pergunta é a seguinte: Qual o grande legado deixado por João Pedro Teixeira?

Luizinho: É esse espírito de luta.  O espírito de luta de João Pedro tem atraído muita gente, principalmente agora muitas pessoas novas, a partir do conhecimento desse resgate. Dá pra gente ver muitos jovens tentando conhecer, fazendo trabalho de academia, defesa, a própria família, já tem neta envolvida, Elizabete Teixeira ainda tem um espírito de guerreira, que está uma vez ou outra indo dá sua entrevista nos trabalhos. Então, o exemplo de vida de João Pedro é um dos maiores legados que nós temos na história da agricultura familiar. Isso tem trazido muitos agricultores a dá continuidade e servir de força, espírito. E agora o resgate de ter trazido, descoberto a luta naquela região, pra fazer resgatar essa história e a fundações do Memorial que a gente acredita que vai contribuir com esses agricultores no seu contexto de formação para o melhoramento dessa produção da agricultura familiar, nesse contexto da agro ecologia.

 

Reportagem: “Das Ligas Camponesas ao MST” – Uma visão crítica

Por João Fragoso

Em outubro de 2012 o Sistema Correio de Comunicação publicou uma série de reportagens sob o título acima, as quais estão postadas no site do Memorial das Ligas.

Nas entrevistas houve manifestações desfavoráveis ao MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – talvez por falta de um maior conhecimento, por isso, achamos oportuno registrar algumas informações sobre esse Movimento que luta bravamente pelo homem do campo.

O MST foi fundado há 33 anos por trabalhadores expulsos de suas terras, sendo seu objetivo formar um movimento camponês autônomo, sem alinhamento político partidário e que lute pela Reforma Agrária e transformações sociais. Seus integrantes eram: atingidos por barragens, meeiros, posseiros, pequenos agricultores, todos impedidos de produzir sua própria alimentação. Tratava-se de vítimas seculares do latifúndio.

Vamos ilustrar um exemplo de banimento do campo: Em 1964, com o golpe empresarial-militar, muitos trabalhadores rurais foram expulsos das terras onde moravam. Uma das propriedades mais famosas – a Fazenda Miriri – (Mamanguape), onde foi assassinado o líder camponês Alfredo Nascimento, expulsou centenas de moradores, os quais formaram um aglomerado na entrada da cidade de Cajá a que foi dado o nome de Nova Cuba.

Com a ditadura militar as multinacionais foram assumindo mais e mais o controle do campo, formando a agroindústria (hoje agronegócio), que aumentou ainda mais o sofrimento do camponês, criando o trabalho temporário – boias frias – e utilizando pouca mão de obra com a agropecuária e mecanização da lavoura.

O MST participou dos movimentos políticos como “Diretas já” e empenhou-se profundamente na construção da constituição de 1988, conquistando a aprovação de artigos que possibilitam a desapropriação de terras que não cumpram sua função social. Como herdeiro das Ligas Camponesas conheceu bem de perto a “ira, raiva e violência do latifúndio – um latifúndio que não se envergonhou de aparecer publicamente e oficialmente, como a União Democrática Ruralista (UDR), defendendo a violência armada contra a Reforma Agrária e a todas e todos aqueles que lutavam por ela – com mais de 1000 camponeses e defensores da Reforma Agrária assassinados nos últimos 14 anos”.

O MST não trabalha somente pela Reforma Agrária, embora esta seja uma de suas principais metas. Com o compromisso de produzir alimentos para o povo brasileiro, já organizou mais de 100 cooperativas, de 1.900 associações nos assentamentos. Trabalhando de forma coletiva para produzir alimentos contribuiu na construção de mais de 96 agroindústrias, que além de melhorar a renda e as condições do trabalho no campo, também oferecem alimentos de qualidade.

Bandeiras de luta do MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA:

CULTURA: “A educação e o acesso à cultura, ao conhecimento, a valorização dos saberes populares, é condição fundamental para a realização dos brasileiros como seres humanos plenos, com dignidade e altivez. Queremos a democratização e a popularização da cultura no país. Fortalecer os espaços de trocas culturais promovendo o acesso popular aos teatros, cinemas, exposições, sinfonias, amostras, apresentações folclóricas e festas tradicionais. Esta palavra de ordem está materializada no outro Brasil que queremos construir no cotidiano. Um outro país que construímos com 2 mil escolas públicas em acampamentos e assentamentos, que garantem o acesso à educação à mais de 160 mil crianças e adolescentes Sem Terras, ou que alfabetizaram 50 mil adultos e jovens nos últimos anos. Ou ainda, nos mais de 100 cursos de graduação em parceria com universidades por todo o Brasil”.

DEMOCRATIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO: “O povo tem o direito de organizar seus próprios meios de comunicação social, de forma associativa. E o Estado deve garantir os recursos para que exerça esse direito. É preciso democratizar os meios de comunicação, começando por acabar com o monopólio privado dos meios. Atualmente no Brasil menos de dez grupos – constituídos por famílias ou agremiações religiosas – controlam as maiores redes de comunicação, incluindo televisão, rádio, jornais, revistas e portais na internet.”

SAÚDE PÚBLICA: “O Estado deve garantir e defender a saúde de toda a população, implementando políticas públicas de soberania, segurança alimentar, de condições de vida dignas, como medidas preventivas às doenças. O sistema de saúde pública (SUS) deve ser ampliado e melhorado, combinando com o Programa de Saúde da Família (PSF) preventivo, incluindo o atendimento médico-odontológico e de enfermagem”.

DESENVOLVIMENTO: “As políticas de desenvolvimento da economia devem estar baseadas fundamentalmente nos interesses de melhoria das condições de vida de toda a população, em especial dos mais pobres. Sua missão é produzir bens que eliminem o grau de pobreza e a desigualdade social existentes em nosso país. A organização da produção deve buscar em primeiro lugar o atendimento das necessidades básicas de toda a população brasileira. Por isso, lutamos por uma economia que estimule a produção de bens e possibilite a eliminação da pobreza e da desigualdade social. Que privilegie o trabalho e a qualidade de vida do povo brasileiro, com crescimento e distribuição de renda valorizando uma economia mais justa e solidária”.

SISTEMA POLÍTICO: “Queremos um país que crie e utilize permanentemente mecanismos de participação e decisão direta da população, nas várias instâncias de decisão do poder político e social, construindo uma verdadeira democracia popular participativa. É preciso regulamentar os plebiscitos, referendos e consultas populares para tomada de decisões de importância para o povo. Defendemos uma ampla reforma política que garanta liberdade de organização política e partidária, financiamento público exclusivo das campanhas eleitorais em todos os níveis, controle da propaganda mentirosa, fidelidade partidária, revogação de mandatos pelo voto popular, fim do sigilo bancário, patrimonial e fiscal de todos os candidatos e de todos ocupantes de cargos públicos, em todos os níveis. Ajuste dos salários de todos eleitos equivalente à média dos ganhos dos servidores públicos”.

SOBERANIA NACIONAL E POPULAR: “Precisamos de políticas e práticas dos governantes que garantam a pleno soberania de nosso povo, sobre nosso território, nossas riquezas naturais, minerais, nossa biodiversidade, a água e as sementes. O Estado deve ter o controle com a participação da sociedade e dos trabalhadores, e das empresas estratégicas para o desenvolvimento nacional que já existem e criar as que forem necessárias para gerirem as riquezas”.

Como se vê, não cabe a expressão de um dos entrevistados: “O MST não fez nada a não ser enricar Zé Rainha”. Não é verdade, o MST, como a CPT, sua irmã mais velha, luta pelo homem e mulher do campo, buscando a conquista de uma vida digna, extensiva para todos os brasileiros. O MST não é um Movimento de Guerrilheiros como afirma o presidente da FAEPA, os Trabalhadores lutam por um pedaço de terra, que lhes cabe por justiça.

 

Jornalista Nonato Nunes lança Livro Sobre João Pedro Teixeira

livro-joao-pedro-teixeira-nonato-nunesO jornalista Nonato Nunes lança, no próximo dia 09 de maio (quinta-feira), às 15 horas, no plenário da Assembleia Legislativa, o livro “João Pedro Teixeira – Um mártir do latifúndio” (Editora Prefácio, 280 págs). “O trabalho busca resgatar um pouco da história daquele que foi o verdadeiro timoneiro da luta pela reforma agrária na Paraíba. Na minha opinião João Pedro nunca teve o reconhecimento que merecia”, afirmou o autor.

O requerimento que possibilitou a realização da sessão especial foi apresentado pelo deputado frei Anastácio (PT). Entidades ligadas ao direitos humanos na Paraíba já estão se mobilizando para o lançamento, bem como entidades ligadas ao movimento de reforma agrária no Estado. O autor já recebeu o convite para fazer um lançamento do trabalho na cidade de Sapé, centro irradiador de todo o movimento entre as décadas de 50 e 60. O professor Waldir Maireles foi o autor da ideia e já deu início à mobilização junto aos interessados.

Relato da Reunião de 04 de maio de 2013 do Memorial das Ligas Camponesas

Presentes 25 pessoas, entre elas Ir. Marlene e Alexsandra (CPT), Iranice (Comissão Estadual da Verdade e Preservação da Memória), Maria José, Josiene e Alan(Barra de Antas), Genaro, Alder Júlio, João Fragoso (João Pessoa), Pádua (Jacaraú), Janicleide, Evaldo Costa (Jornalista), Luizinho (Presidente), Socorro (Tesoureira), João (estagiário do Certra).

A reunião começou com:

Informes:

– Dia 9/05 – Lançamento na Assembleia Legislativa do livro sobre João Pedro Teixeira, às 15:00.

– Genaro informou que o pessoal do Curso de Psicologia da UFPB (Thamis e Genésio) continua escutando as pessoas da Comunidade de Barra de Antas sobre seus problemas, exibindo e debatendo filmes e abordando aspectos culturais.

Jonas prossegue ensinando informática a um grupo de Barra de Antas, entretanto os alunos se queixam de não poder aprofundar-se na parte da Internet, porque o sinal desta não chega à localidade. Faz parte do projeto ensinar a manutenção das máquinas, o que seria uma maneira de preparar os alunos para desenvolver uma atividade profissional com maior habilidade técnica.

Um ponto alto desse trabalho de colaboradores está sendo a alfabetização de crianças, conduzida pelos próprios alunos de informática, orientadas por Kalyne Vieira.

– A Ir. Marlene sugere o contato com a Secretaria respectiva para conseguir que a Comunidade de Barra de Antas seja beneficiada com o programa do Governo Federal –  “Inclusão Digital”.

(João Fragoso está se comunicando com Eduardo e Socorro, para, através de suas Prefeituras se comunicarem com o Ministério da Comunicação, responsável pelo Projeto “Inclusão Digital).

Eduardo informou que uma empresa de Sapé se prontifica a instalar a Internet na comunidade, desde que tenha um número de usuários suficientes, pago, que justifiquem a instalação.

Os presentes decidiram que deveriam aguardar contato a ser feito pela Ir. Marlene.

Alexsandra comunicou que o Pronera fará a seleção para o curso de Pedagogia do Campo. As inscrições serão abertas na UFPB para quem terminou o ensino médio e seja ligado a agricultura.

Alder informou sobre a plenária do dia 1º de Maio.

Eduardo deu informações sobre a visita, com uma comissão, à Presidente da CEHAP sobre a construção de moradias em Barra de Antas. Está sendo providenciado abaixo assinado para enviar a CEHAP, como forma de pressão.

Alan: Começaram o preparo do terreno para o plantio, com a utilização de um trator para cortar a terra.

Eduardo: Através do Prefeito de Sapé será pedida audiência ao Governador, quando serão tratados os problemas de Barra de Antas.

Alan: Relatou a entrevista com o Ministro do STF – Supremo Tribunal Federal onde está em andamento do processo do terreno dos acampados de Barra de Antas. Este processo encontra-se com o Ministro Dias Toffoli, o qual informou que aguarda momento mais favorável para retorná-lo à pauta.

Iranice – Representante da CPT na Comissão Estadual da Verdade e Preservação da Memória: Coordena o grupo que trata dos desaparecidos das Ligas Camponesas.

Juliana Elizabeth Teixeira foi convidada para ficar à disposição dessa Comissão. Iranice diz que o Memorial pode colaborar com esse grupo coordenado por ela.

Avaliação dia 2/abril/2013

Ir. Marlene: Houve certa desorganização, talvez por falta de planejamento, mas muita coisa positiva como a participação da Comunidade.

Socorro: A própria Comunidade fez a representação da morte de João Pedro Teixeira.

Pádua: A encenação não foi escutada, isso tem que ser corrigido.

João Fragoso: A presença de jovens, mais numerosa do que de adultos é um sinal de esperança de que o ideário de João Pedro será continuado. Destacou também que foi a primeira vez que o evento é organizado e realizado em Barra de Antas, envolvendo sua comunidade e o Memorial.

Alexsandra: Sugere que seja planejada uma pauta para a próxima celebração de 2 de abril, que não seja repetição.

Eduardo: Todas as escolas do Município de Sapé, a partir do segundo semestre de 2013, visitarão o Memorial das Ligas Camponesas.

João Fragoso: Propõe reunião com a Associação de Barra de Antas, para discutir a criação de um centro de formação do campo, possivelmente EFA, e que a Associação seja convidada através de seu Presidente Eduardo,

Feito o contato com Eduardo, este concordou plenamente, ficando a depender da definição da data.

Presença: Esteve presente à reunião o jornalista Evaldo Costa, que trabalha em projetos de escuta de pessoas que se envolveram nas lutas do campo. O projeto chama-se “Palavra Acesa”.

Evaldo propõe-se a ajudar ao Memorial no que lhe for possível. Seu telefone é: 81.9481.3190 e e-mail: evaldocosta@gmail.com ele falou sobre a construção de espaços para o curso de informática, biblioteca e outros.

Luizinho: Propõe uma reunião para tratar exclusivamente do planejamento da futura construção dos espaços a que chamou de anexos. Ficou acertada a reunião de sábado – 1º de junho/2013 –  para tratar desse assunto.

Estágio dos jovens

Esse estágio é de alunos do CERTRA, que utiliza a Pedagogia da Alternância. Maria José, estagiária e moradora da Comunidade Barra de Antas, indagou o que o Memorial mais necessita no que se refere ao plantio e árvores, atividade esta incluída na grade do Certra, como também fazer hortas. Foram definidas as ações dos dois estagiários: Maria José e João.

 

João Fragoso, 04 de maio de 2013