Livro: Por um pedaço de Chão

A Professora da UFPB – Emília Moreira – fez um trabalho exaustivo para nos informar sobre as lutas do campo no Estado da Paraíba. Publicou em dois volumes “Por um pedaço de chão”, toda a peleja do homem do campo na busca de um pedaço de terra que lhe dê, para si e sua família,  condições de uma vida digna. Todos aqueles que se interessarem por conhecer a história da conquista da terra por meio dos camponeses na Paraíba, não podem prescidir dessa excelente obra da Profra. Emília.

Temos o prazer de postar no site do Memorial das Ligas e Lutas Camponesas, permitindo o acesso também àqueles que precisam fundamentar seus trabalhos de conclusão de curso.

Por um Pedaço de Chão – Volume I
Por um Pedaço de Chão – Volume II

Elizabeth Teixeira: 90 anos de luta

Por Renata Ferreira

Ela abriu mão do conforto para viver o amor ao lado de um trabalhador pobre e analfabeto. Com ele, formou família e ajudou a construir a história do movimento sindical agrário no Brasil. A paraibana Elizabeth Teixeira é a face feminina das lutas camponesas da metade do século passado. Junto ao marido, João Pedro Teixeira, fundou, no município de Sapé (PB), o maior sindicato de trabalhadores agrários do país até então. E assumiu a liderança do movimento depois do assassinato dele, em 1962.

A trajetória de Elizabeth será lembrada na próxima sexta-feira (13/2), quando ela completa 90 anos de vida. A celebração vai ocorrer no Memorial das Ligas Camponesas, fundado no antigo sítio onde a camponesa viveu com João Pedro e os 11 filhos, no distrito de Barra das Antas, em Sapé (município a 65 quilômetros da capital do Estado, João Pessoa).

O imóvel de sete hectares foi tombado em 2012 pelo Governo do Estado da Paraíba e transformado em um espaço de resgate da memória e homenagem aos trabalhadores que dedicaram a vida a lutar por dignidade no campo e reforma agrária.

Universidades, sindicatos e movimentos sociais estão engajados no evento, do qual devem participar filhos e netos de Elizabeth e João Pedro. Pela manhã, as atividades serão fechadas aos parentes e organizadores. “Será uma reunião de família”, explica o professor da UFPB Antônio Alberto Pereira, um dos coordenadores do Memorial das Ligas Camponesas.

Às 14h, terá início o evento aberto a toda a comunidade. O coral da Universidade Federal da Paraíba vai se apresentar cantando o Hino do Camponês, acompanhado pela Orquestra Santa Cecília, de Sapé, e sob a regência do próprio compositor da obra, o maestro Geraldo Menucci, antigo militante do Movimento Cultural Popular. A letra da música é de Francisco Julião, advogado, político e escritor que atuou com as ligas camponesas de Pernambuco.

A parte cultural do evento terá também apresentações de coco de roda e músicas populares. A organização espera reunir, além de autoridades da região e representantes dos movimentos populares e sindicais, crianças e jovens das escolas públicas de Mari, Sapé, Sobrado e Cruz do Espírito Santo.
No sábado (14/2), haverá o lançamento do documentário “A família de Elizabeth Teixeira”, do cineasta Eduardo Coutinho, morto em 2014 e diretor de “Cabra Marcado para Morrer”, obra que conta a história de João Pedro, Elizabeth e das ligas camponesas do Nordeste. O lançamento do documentário será no Centro de Formação João Pedro Teixeira, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, no município de Lagoa Seca (PB).

Prisão e fuga

Depois da morte de João Pedro, em 2 de abril de 1962, Elizabeth assume a liderança do movimento, ao lado de nomes como Pedro Fazendeiro e Nego Fuba. Foi presa por várias vezes e, numa delas, retorna à casa para se deparar com a tragédia do suicídio da filha mais velha, Marluce, que não suportou conviver com a possibilidade de a mãe ter o mesmo destino do pai.

Em 1964, com a instalação do regime militar, Elizabeth é presa pelo Exército e passa oito meses na cadeia. Na volta, precisa fugir para não ser morta. Esconde-se na cidade de São Rafael, no interior do Rio Grande do Norte, com apenas um dos 11 filhos – Carlos, que é rejeitado pelo avô por se parecer muito com o pai. Passa 17 anos afastada da família, vivendo com a identidade de Marta Maria da Costa.

Isso até 1981, quando o cineasta Eduardo Coutinho resolve retomar as gravações de “Cabra Marcado para Morrer”, interrompidas pela truculência da ditadura. Por intermédio de um dos filhos de Elizabeth, Coutinho reencontra a líder camponesa e conclui o trabalho. A viúva de João Pedro vem, então, morar em João Pessoa, no bairro de Cruz das Armas, em uma casa que lhe é presenteada pelo próprio Eduardo Coutinho.

Heranças da luta

As ligas camponesas e a história de João Pedro e Elizabeth são lembradas não apenas como registro histórico. A luta chegou aos dias atuais, trouxe heranças e desafios futuros. Embora a sonhada reforma agrária ainda não tenha se concretizado, o homem do campo está consciente dos próprios direitos e busca cada vez mais organizar-se em cooperativas e associações para potencializar ações e iniciativas.
Para o presidente do Memorial das Ligas Camponesas, o agricultor Luiz Damázio de Lima (o Luizinho), os líderes João Pedro e Elizabeth Teixeira deram o primeiro passo, mas a luta camponesa continua se atualizando. E várias são as heranças desse movimento. Uma delas, segundo Luizinho, é o crescimento da organização dos pequenos produtores.

Ele cita a experiência da Ecovárzea (Associação dos Agricultores e Agricultoras da Várzea Paraibana), uma entidade que reúne cerca de 300 assentados. “Esse tipo de iniciativa nasceu com as ligas”, afirma. Juntos, os pequenos produtores são mais fortes do que se estivessem trabalhando de forma independentes.

No caso da Ecovárzea, eles optaram por um modelo de cultivo limpo e saudável: a agroecologia. Longe dos agrotóxicos e aditivos químicos, os trabalhadores ganham em qualidade de vida e levam verduras, hortaliças e frutas de melhor qualidade ao consumidor. A comercialização é feita sempre às sextas-feiras, na UFPB, e a estimativa de venda é de R$ 7 mil a R$ 8 mil por semana

Segundo Luizinho, a Paraíba já conta com 45 feiras de pequenos produtores com a da Ecovárzea. “Não são todas agroecológicas, mas isso já demonstra o processo organizativo dos agricultores”. Nessas feiras, são comercializadas entre 90 e 100 toneladas de produtos semanalmente. “Isso dá uma rentabilidade imensa”, afirma.

Outra herança das ligas, segundo o agricultor, está no maior acesso à educação. “Hoje temos filho de agricultor fazendo Pedagogia, Enfermagem, Ciências Agrárias, Agroecologia, Agronomia, por exemplo. Nossos filhos estão lutando para conquistar um espaço na universidade”, garante. “Há uma quantidade muito grande de jovens do campo que estão conseguindo sua formação e estão atuando em cooperativas e associações”, reafirma a professora da UFPB, Fátima Rodrigues, que é colaboradora do Memorial das Ligas Camponesas.

Ela e Luizinho citam ainda como ganhos decorrentes das ligas camponesas o maior acesso à saúde e o crescimento da participação e do protagonismo das mulheres nas ações das comunidades rurais.
“Ainda precisamos melhorar bastantes, por exemplo, ampliando a assistência médica, as políticas públicas para os jovens, a infraestrutura, as escolas”, afirma Luizinho. E para se alcançar essas melhorias, segundo ele, é necessário que o homem do campo continue ciente da importância do processo organizativo.

Sobre qual conquista seria a mais difícil de alcança, Luizinho se mostra convicto: “difícil é conquistar a consciência da sociedade em apoio a essa luta”, declara. Para ele, o aniversário de Elizabeth Teixeira é a consagração de 90 anos de luta. “Ela não começou a lutar depois de casada com João Pedro, mas quando nasceu. Ela enfrentou o próprio pai, que era latifundiário. Essa celebração é uma honra para nós. Se João Pedro é o cabra marcado para morrer, Elizabeth é a mulher marcada para viver”, declara.

♦ Renata Ferreira é jornalista

Fonte:

http://carosamigos.com.br/index.php/component/content/article/189-artigos-e-debates/4819-elizabeth-teixeira-90-anos-de-luta

 

Convite

Companheiras e Companheiros de Assentamentos, Acampamentos, Movimentos Populares, Associações e Sindicatos.

A Reforma Agrária foi para os protagonistas das Ligas Camponesas, inclusive as de Sapé e da Paraíba, a grande bandeira de lutas memoráveis.

ELIZABETH TEIXEIRA, ícone vivo das Ligas e das lutas camponesas, costuma lembrar que, mais de cinquenta anos após o martírio de João Pedro Teixeira, Nego Fuba, Pedro Fazendeiro e outros, a Reforma Agrária ainda não se fez, neste País.

Eis por que a luta tem que seguir! E eis por que o MEMORIAL DAS LIGAS E DAS LUTAS CAMPONESAS DA PARAÍBA vem se somando aos movimentos populares e sindicais e outras forças organizadas de nossa sociedade, para seguir lutando pela Reforma Agrária! E o temos feito, não apenas cultivando a memória das Ligas, mas também buscando contribuir com as lutas de hoje, seja no processo organizativo dos camponeses e camponesas, seja no processo de formação e mobilização. Nossas atividades vêm se dando nessa direção.

Neste momento em torno do dia 13 de fevereiro em que Elizabeth Teixeira se prepara para completar, justo neste dia, seus bem vividos 90 anos de vida e de lutas, o MEMORIAL DAS LIGAS E DAS LUTAS CAMPONESAS DA PARAÍBA está promovendo, junto com várias forças organizadas da Paraíba, uma relevante comemoração especial dos 90 anos desta que, a justo título, tem sido denominada de “Mulher marcada para viver!”.

Para tanto, dirigimo-nos aos Companheiros e Companheiras para solicitar-lhes apoio em duas frentes:

Participar intensamente dos atos programados, nesses dias tendo o DIA 13 DE FEVEREIRO como o ápice dessas comemorações;

Oferecer uma contribuição financeira para ajudar a custear essa organização, que pode ser depositada na Caixa Econômica: Agência: 0922 – Caixa Econômica Federal da Paraíba – Sapé-PB, Operação: 003, Conta Corrente: 00001121-2 – Titular: ONG – Memorial das Ligas Camponesas

Na certeza de que contaremos com sua participação efetiva, desde já lhes agradecemos pela solidariedade concreta com a causa da Reforma Agrária e das lutas camponesas, na Paraíba.

PROGRAMAÇÃO: 13/02, às 14:00, em Barra de Antas – Homenagem a Elizabeth Teixeira

14/02, no Centro de Formação João Pedro Teixeira – MST – Lagoa Seca-PB, às 16:00).

 

Com nossas saudações camponesas,

Luiz Damázio de Lima

Presidente do Memorial das Ligas e Lutas Camponesas

 

 

Ler O Capital

Com o objetivo de incentivar a leitura, o estudo e o debate da obra maior de Marx, marxismo21 inaugura uma nova seção: “Ler O Capital“. A expectativa é a de que ela fomente a leitura individual e coletiva de O Capital por todo o país; não apenas nas universidades, mas também nos movimentos sociais, em sindicatos, associações de moradores, organizações juvenis, centros de cultura e formação política e demais instâncias de organização e mobilização popular. Isto porque marxismo21 considera que o estudo de O Capital é fundamental para a compreensão da sociedade capitalista contemporânea e para a superação dos impasses e desafios colocados para o movimento dos trabalhadores e as lutas pela transformação social, pois desnuda como nenhuma outra o funcionamento, a dinâmica e as contradições do capitalismo numa perspectiva crítica e de superação histórica desta forma social a partir da ação revolucionária dos trabalhadores.

Em um primeiro momento, apoiando-nos no material didático preparado por uma equipe de educadores da Fundação Rosa Luxemburgo da Alemanha, nos concentraremos no primeiro volume de O Capital. Na medida em que sejam lançados os materiais referentes aos dois outros volumes, eles serão aqui divulgados. Em seguida pretende-se divulgar textos de comentadores, vídeos e materiais que tratam desta obra de Marx.

Buscando ampliar o mais possível o acesso a O Capital solicitamos vossa colaboração no estímulo à leitura e ao estudo e na divulgação da seção entre seus militantes e simpatizantes. O link para acesso é http://marxismo21.org/ler-o-capital/

Intelectuais e Movimentos Sociais: a atuação de Francisco Julião junto às Ligas Camponesas

Artigo de   Célio Diego BONI e  Elisangela Francisca SILVA

O estudo sobre personagens históricos nos leva a entender alguns processos, inclusive os educativos, dentro e fora das escolas, assim iremos apresentar o advogado, intelectual e ativista, dos direitos dos trabalhadores rurais das ligas camponesas criadas em Pernambuco entre as décadas de 1950 e 1960, Francisco Julião, com foco em situa-lo como um educador social, a partir de suas ações, agindo de maneira didática junto ao campesinato, buscando informar e causar uma formação política, lutando pela diminuição da exploração dos camponeses que sofriam no período de total declínio dos engenhos de açúcar. A discussão realizada traz o movimento social rural, como um instrumento de mudança, partindo de pequenas reivindicações, como o enterro digno de seus mortos, até a tão sonhada reforma agrária, divulgada de forma incisiva na frase “Reforma agrária na lei ou na marra”, ditas várias e várias vezes por Julião, em seus discursos, mesmo no Congresso Nacional. A partir destas discussões, apresentar um de seus escritos mais divulgados, a sua carta-testamento escrita no cárcere, “Até Quarta, Isabela!” onde ele poetiza sua biografia, buscando retirar todo o rancor de seus escritos criando nesta um processo de apresentação do que houve no Brasil, durante o período em que esteve à frente das Ligas, até o momento em que é preso como subversivo durante a Ditadura Militar. Portanto, todo o processo de pesquisa tem o objetivo principal de classificar as ações de Francisco no papel de um Formador e Educador, no espaço em que atuava.

Texto completo

Comemoração dos 90 anos de Elizabeth Teixeira

Elizabeth Teixeira, mulher marcada para viver, comemora 90 anos neste mês de fevereiro. A data é uma oportunidade para celebrar sua trajetória de resistência e empenho na luta pela Reforma Agrária. Participe!

Atenção: a atividade cultural programada para o dia 15/02 foi cancelada.

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Colaboração
A diretoria do Memorial das Lutas e Ligas Camponesas solicita a colaboração para despesas com esse significativo evento. Qualquer valor pode ser depositado na seguinte conta:

Titular: ONG MEMORIAL DAS LIGAS E LUTAS CAMPONESAS
Agência: 0922 – Caixa Econômica Federal da Paraíba
Cidade: Sapé-PB
Operação: 003
Conta Corrente: 00001121-2

Livro: Memórias do Povo – João Pedro Teixeira e as Ligas Camponesas na Paraíba

Memórias do Povo é um dos mais importantes documentários das lutas do campo, nascimento das ligas, suas conquistas, seus sacrifícios. Foi organizado por um grupo de pessoas que, com paciência, escutaram mais cem camponeses, gravando seus relatos sobre as vitórias, esperanças e sobre seus heróis e líderes: Alfredo Nascimento, João Pedro Teixeira, Pedro Fazendeiro e Nêgo Fuba.

Acesse o livro em PDF aqui.