LIVRO “Liga Camponesa de Sapé: Barra de Antas, ontem e hoje”

 

José Luciano de Queiroz Aires (org.)
Maria Larissa de Brito
Jackson José Leite Ferreira
Eduardo Bruno da Silva
Pedro Basttus Gonçalo Marques
Alane Maria Silva de Lima
Cosmo Galdino dos Santos
Josilene da Silva Oliveira
Weverton Elias Santos Rodrigues
Luciano Mendonça de Lima

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João Pedro Teixeira, lhe tiraram a vida, mas a luta continua. Conta com a gente!

Há exatos 58 anos, um dos grandes líderes camponeses do Estado da Paraíba foi covardemente assassinado a mando dos grandes latifundiários paraibanos, JOÃO PEDRO TEIXEIRA. Negro, pai, esposo, pobre e camponês, João Pedro pregava uma vida melhor para as famílias camponesas oprimidas pelos latifundiários, lutava por justiça social, Reforma Agrária, Educação, direitos dos/as trabalhadores/as rurais e por isso também foi assassinado.

João Pedro Teixeira, nasceu em 04 de março de 1918, na cidade de Pilõezinhos, na época distrito de Guarabira/PB. Filho de arrendatário de nome igual João Pedro Teixeira (pai) e Maria Francisca da Conceição (mãe), João Pedro teve uma irmã de nome Severina, que veio a padecer de tuberculose, na cidade de Sapé/PB, com um pouco mais de 20 anos de idade. João Pedro seguiu os ensinamentos e também as revoltas do pai, que se solidarizou com a causa campesina e não aceitou as opressões ao povo camponês, se envolvendo em diversos conflitos pela causa. Um desses conflitos resultou em perseguição por parte dos latifundiários, obrigando-o a abandonar a família e fugir para não ser morto. Com isso, João Pedro, a mãe e a irmã tiveram que mudar de lugar para fugirem das perseguições. Em seguida, foi morar com os avós e sua mãe e irmã foram morar em Guarabira. Com a morte dos avós, João Pedro foi morar com um tio em Massangana, na cidade de Cruz do Espirito Santo/PB, onde iniciou seus posicionamentos contra a exploração do povo Camponês.

Foi a partir Massangana que João Pedro vivenciou e aprofundou sua luta camponesa. Assim que atingiu maior idade, foi trabalhar na pedreira em Café do Vento, na época município de Sapé/PB e lá bem próximo conheceu a jovem Elizabeth Altino, consanguínea do latifúndio paraibano. Elizabeth trabalhava no barracão do pai, assim, foi no balcão e na venda de produtos que João Pedro e Elizabeth se conheceram, iniciando um dos mais belos romances camponeses de nossa contemporaneidade. Mesmo com o pai de Elizabeth não aceitando a união dos dois, pelo motivo de João Pedro ser negro e pobre, eles continuaram se relacionado e em seguida casaram-se em 26 julho de 1942, em Cruz do Espírito Santo/PB. Foram morar em Massangana e lá viveram de 1942 a 1944. João Pedro, sensível com o modo de vida das famílias camponesas e indignado como eram maltratados, contestou como seu tio, gerente de uma fazenda, tinha expulsado uma família de camponeses e decidiu buscar outro lugar para viver. Já com uma filha, deixou Elizabeth na casa de sua mãe, na cidade de Sapé, e foi buscar emprego em Recife. No ano de 1945 foi morar em Jaboatão/PE e trabalhar em pedreira. Se tornou seguidor do protestantismo e atuante da caminhada libertária de Jesus Cristo.

Na pedreira, se destacou como liderança, com o aumento das injustiças para a classe trabalhadora. Naturalmente se tornou líder dos operários e em sua casa iniciou as reuniões com os trabalhadores da pedreira. A partir dessas reuniões, criou-se o Sindicato dos Operários, o qual João Pedro foi eleito presidente, seguindo a luta por direitos da classe trabalhadora. Assim, não tardou as perseguições, João Pedro já não conseguia emprego devido ao seu envolvimento com as causas dos trabalhadores, consequentemente, as dificuldades bateram à porta de sua família. Em 1954, já com 6 filhas/os, João Pedro e Elizabeth Teixeira receberam a propostas de ir morar em Antas do Sono, zona rural de Sapé/PB.

Na época, João Pedro já era conhecedor da experiência da Liga no Engenho Galileia e, com o avanço do latifúndio e suas práticas desumanas, não demorou para novamente para João Pedro apoiar a causa das famílias camponesas. Suas ideias começaram a se espalhar pelos campos da várzea paraibana e também passou a ser procurado para orientar como se comportar diante das injustiças. Com isso, em 1955, em frente à casa de João Pedro e Elizabeth, em Antas do Sono, no município de Sapé, aconteceu o primeiro encontro dos camponeses de Sapé, já naquele momento com a presença de Nego Fuba (João Alfredo Dias) e Pedro fazendeiro (Pedro Inácio de Araújo).

A reação dos latifundiários foi imediata. Após saberem do acontecido, prenderam e espancaram João Pedro no outro dia. Surgiram novas estratégias de mobilização, encontros relâmpagos nas feiras, fazendas e outros lugares em Sapé. Diante do aumento das pessoas que aderiram as ideias por serem vítimas dos maus-tratos dos proprietários de terra, em 1958, foi criada a Associação dos lavradores Agrícolas de Sapé, mais conhecida como “Ligas Camponesas”, ficando João Pedro como vice-Presidente.

Com sua fama se espalhando por ter sido considerado como um homem articulador, corajoso e que representava as 14 ligas camponesas da federação, João Pedro tornou-se um dos maiores inimigos dos latifúndios Paraibanos. Recebendo ameaça frequentemente de morte por todo seu histórico, João Pedro não desanimou e continuou a fazer o que acreditava.

No dia 02 de abril de 1962, João Pedro Teixeira foi até João Pessoa se reunir com os advogados e aproveitou para comprar livros para seus filhos. Ao voltar para casa, quando desceu do ônibus, na BR-230 que liga Sapé a João Pessoa, veio caminhando e, já próximo a sua casa, foi covardemente assassinado com três tiros nas costas numa emboscada. Este crime aconteceu a mando do Grupo Várzea, como era conhecido e temido na época.

Elizabeth Teixeira só ficou sabendo do ocorrido na manhã seguinte e, ao se deparar com o corpo de seu companheiro, falou a seguinte frase: “João Pedro, por mais de uma vez, me perguntou se eu daria continuidade à sua luta e eu nunca te dei minha resposta. Hoje eu te digo, com consciência ou sem consciência de luta, EU MARCHAREI NA SUA LUTA, JOÃO PEDRO, PROQUE DER E VIER.”

É inspiradas/os nessa história que o Memorial da Ligas e Lutas Camponesas reafirma seu compromisso de manter viva a História e a Memória desse Líder camponês e Herói Nacional que representou e representa a classe Camponesa.

Att:

Memorial das Ligas e Lutas Camponesas

Referências:

CONSULTA POPULAR, JOÃO PEDRO: vivo na memória e nas Lutas dos trabalhadores. João Pessoa: Ideia, 2002.

HAM, Antônia, et al (orgs.). MEMÓRIAS DO POVO: João Pedro Teixeira e as ligas camponesas. João Pessoa: Ideia, 2006.

Convite: memória do grande líder e herói JOÃO PEDRO TEIXEIRA (02/04 – às 14h)

Companheiras, companheiros

O Memorial das Ligas e Lutas Camponesas continua insistindo no seu propósito de ser um elo, um mediador entre os trabalhadores do campo e da cidade, mantendo-se, assim, fiel aos sonhos dos seus heróis e mártires.

Consciente do grave momento que atravessamos e na certeza de que somente a nossa união e articulação nos conduzirá a derrota do inimigo comum, convida a todas e todos para, juntos, no dia 02 de abril próximo, às 14:00, no Sítio Barra de Antas em Sapé, fazermos
, na data do seu assassinato pelos latifundiários pertencentes à mesma direita que hoje quer dar o golpe contra a democracia que nos custou tantos sacrifícios.

Teremos a apresentação de momentos culturais, destacando-se a cantora VERA LIMA à frente do Terreiro do Povo, cantorias, falas, a partir de nossa perspectiva de trabalhadores e, sempre com o objetivo de consolidar nossa união Campo/Cidade.

Contamos com a presença de todos

João Fragoso
Diretor de Comunicação

O ontem e o hoje

É um privilégio, para mim, ter me interessado pela história do Brasil desde os anos de 1945, quando eu tinha apenas 12 anos. Era no governo de Vargas, precisamente no Estado Novo, 29/10/1945. Passei a me perguntar por que os generais (seus ministros), que se faziam tão seus amigos, o depuseram? É bem verdade que Getúlio Vargas confiara a Felinto Muller a Chefia de Polícia, com poderes de vida e morte, aliás, um dos mais cruéis torturadores de nossa história. Também é verdade que entregou Olga Benário Prestes, esposa de Carlos Prestes, para ser cremada num campo de concentração nazista.

Mas, seriam esses os motivos da deposição de Getúlio Vargas?

As elites e os militares nunca foram humanistas.

O fato é que Getúlio tinha um outro lado, o qual as elites de ontem e de hoje jamais aceitaram:

– Criou as Leis Trabalhistas,

– Carteira de Trabalho Obrigatória,

– Salário Mínimo,

– 8 Horas de trabalho diário,

– Férias remuneradas,

– Repouso semanal remunerado

– Regulamentação do trabalho da mulher e do menor

– Justiça do Trabalho

– Previdência Social

Getúlio foi então chamado de “Pai dos Trabalhadores”, embora essas medidas constituíssem demandas que a Classe Trabalhadora já viesse lutando para conseguir.

A burguesia jamais iria tolerar um governo que tomasse tais atitudes, então se articulou com os militares e depuseram Getúlio.

E sabe o que aconteceu? O general eleito presidente – Eurico Gaspar Dutra – iniciou violenta perseguição ao Movimento Sindical e governou para as elites e para o imperialismo norte americano.

Mas, Getúlio voltou em 1951, agora eleito democraticamente. Recomeçou a sua política em favor dos trabalhadores, decretando um aumento de CEM POR CENTO do salário mínimo.

E o que sucedeu? As mesmas elites não toleraram, fizeram de Carlos Lacerda (Jair Bolsonaro…?) seu porta voz, articularam-se com os militares (República do Galeão) e Getúlio Vargas, desesperado, saiu da cena política em 24/8/54 com um tiro no coração.

 

II

 

Passaram-se alguns governos: Juscelino, Jânio, João Goulart – o Jango.

Jango era de tendência trabalhista também popular ou populista. Através do seu Ministro do Planejamento, o paraibano Celso Furtado, arquitetou as reformas, chamadas de Base, que traziam grande esperança de bem-estar ao povo brasileiro, especialmente a Reforma Agrária que iria beneficiar de maneira particular o homem do campo. Esta Reforma estabelecia que a desapropriação da terra seria indenizada com títulos da dívida pública, e o mais interessante, pelo seu valor histórico, ou seja, o valor registrado em cartório, ideia essa rechaçada pelo latifúndio.

Além disso, Jango, através de decreto, acedeu a demanda da Classe Trabalhadora, permitindo que formasse uma central dos trabalhadores, chamada CGT – Comando Geral dos Trabalhadores. Era função desse órgão articular os sindicatos, unificar suas reivindicações, e com essa prática a Classe Trabalhadora cresceu em sua organização, e causou profundo medo à burguesia.

Então as elites formaram uma aliança empresarial/civil/midiática/religiosa/militar e agiram no sentido de derrubar o governo democraticamente eleito. Como hoje, fizeram passeatas. Para conquistar as massas religiosas convidaram o Padre irlandês – Patrick Peyton – financiado por inúmeras empresas multinacionais para combater o comunismo. O Pe. Peyton trouxe ao Brasil o “terço em família” e realizou a famosa Marcha da Família com Deus pela Liberdade.

Derrubaram João Goulart.

Sabe o que veio depois?

Os militares no poder, a primeira providência foi desmantelar o CGT, os sindicatos, as organizações trabalhistas, conforme está no insuspeito livro “Brasil Nunca Mais”. Da mesma maneira que no passado o governo Dutra perseguiu a Classe Trabalhadora, em 1964 a ditadura repetiu, agora torturando, matando.

Em primeira mão extinguiram a estabilidade no emprego aos 10 anos de trabalho na mesma empresa, conquista que custou tanto sacrifício aos trabalhadores

Eu fui destituído do Sindicato dos Bancários, demitido do meu emprego no Banco do Nordeste e preso por 22 dias.

As greves eram reprimidas a bala, a Classe Trabalhadora estava impedida de se reorganizar.

 

III

 

Depois de 21 anos de uma cruel ditadura em que mais de 500 pessoas, em sua grande maioria trabalhadores, foram torturadas até a morte, 100 mil foram demitidas, a resistência começou a manifestar-se. Sabe quem estava na frente? Luiz Inácio Lula da Silva, enfrentou patas de cavalo, prisões, cassetetes, mas não desistiu e a Classe Trabalhadora, de novo, se reorganizou.

Passaram-se os governos militares e alguns civis, no último dos quais, o salário mínimo valia 80 dólares – menos de 320,00 reais hoje.

Em 2002, o Povo Brasileiro elegeu um trabalhador do PT – Lula.

Bem, o resto da história é bem atual, todos sabem, porém convém reafirmar porque a perseguição ao governo do PT:

– Com a chegada do PT ao poder, “começou a ser implantado no País um modelo de desenvolvimento, pautado na redistribuição da renda, geração de emprego e crescimento econômico”.

– O PT implementou “políticas públicas que garantiram ao Brasil sair do Mapa da Fome, da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Com o Brasil Sem Miséria e o Bolsa Família, 36 milhões de brasileiros saíram da situação de extrema pobreza”.

– “A política econômica mantida pelo PT garantiu a plena expansão do mercado de trabalho no País. O aumento no salário mínimo e a geração recorde de empregos permitiram a 42 milhões de brasileiros ascenderem a nova classe trabalhadora”.

– “O salário mínimo também foi responsável pela melhoria da vida da população, com alta de 262% nos últimos 12 anos, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese)”.

– “Educação – Na educação, os governos do PT iniciaram uma verdadeira revolução”.

– “Com Lula e Dilma foram criadas 18 universidades públicas e o orçamento do Ministério da Educação passou de 18 bilhões, em 2002, para 115,7 bilhões, em 2014. Em relação ao PIB, passou de 4,5% em 2004 para 6,4% em 2012”.

– “Ao mesmo tempo, mais de um milhão de alunos tiveram acesso a bolsas integrais e parciais de estudos do Programa Universidade para Todos (Prouni) e 2,8 milhões de alunos se matricularam em universidades por meio do Sistema de Seleção Unificado (Sisu), em 2015”.

– “O número de escolas técnicas passou de 11, durante o governo FHC, para 420 unidades com os governos do PT”.

– “E mais de 12 milhões de jovens estão matriculados no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) ”.

– Nesse governo as/os empregadas/os domésticas/os conquistaram os mesmos direitos de outros trabalhadores.

Eis os motivos porque querem depor Dilma e cassar Lula. As elites, e quem pensa como elas, jamais vão permitir que os trabalhadores (ou os explorados) aproximem-se do seu “status”. Doméstica andar de avião, possuir carro, ir a restaurantes, é inadmissível para a burguesia. O lugar dela foi e continua sendo a “senzala”.

Por que essa aversão aos excluídos – os moradores de rua, os desempregados, as mulheres negras, os pobres, os homo-afetivos, as lésbicas?

Será porque não consomem, isto é, não fazem parte do mercado?

E quem tem se posto em defesa desse contingente de explorados, às vezes com o sacrifício da própria vida? São as esquerdas, entre elas o PT. São elas que têm defendido o patrimônio nacional, os direitos dos trabalhadores e o direito de ser gente, a dignidade de ser humano.

Concluindo: Duas forças se chocam, se contradizem na história da humanidade: uma o capital, outra o trabalho, ou, exploradores e explorados, opressores e oprimidos, isso é o que constitui a “luta de classes”. A história da humanidade é a sucessão dessa luta até o dia em que não mais existir uma classe que domina e outra que é dominada.

 

14/03/16

João Fragoso

 

 

Edital de Convocação

Assembleia Geral Extraordinária a realizar-se em sua sede, no dia 18/02/2016, às 9:00 horas.

MEMORIAL DAS LIGAS CAMPONESAS
COMUNIDADE BARRA DE ANTAS
SAPÉ – PB

EDITAL DE CONVOCAÇÃO

Nos termos do Estatuto, convoco os senhores associados do MEMORIAL DAS LIGAS CAMPONESAS para a reunião da Assembleia Geral Extraordinária a realizar-se em sua sede, na Comunidade Barras de Antas, Município de Sapé-PB, no dia 18/02/2016, às 9:00 horas, em primeira convocação, havendo quórum, ou às 11:00, em segunda convocação, com qualquer número de pessoas presentes, para o fim de deliberarem sobre a seguinte pauta: Eleição da Diretoria e Conselho Fiscal.
Sapé-PB 08 de fevereiro de 2016

LUIZ DAMÁSIO DE LIMA
Presidente do Memorial das Ligas Camponesas

TCC de Elson Matias, da Jufra de Santa Rita

O jovem Elson Matias, pertence a JUFRA de Santa Rita (Juventude Franciscana) e é um apaixonado pelo valores do Evangelho: Justiça, Solidariedade, Fraternidade. Ele tem consciência de que esses valores são conquistados na luta do dia a dia e não se consegue só, mas através do grande mutirão social que nos conduzirá ao Novo Mundo. Seguidor de Ricardo Brindeiro, Pe. Josenildo e Pe. Comblin, ele nos brinda com seu Trabalho de Conclusão de Curso, que vale a pena ler

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